Fragilidade e Isolamento social aumentam incidência de Sarcopenia

Doença causa perda de massa muscular e pode aumentar mortalidade de idosos

Não é novidade que o isolamento social provocado pela covid-19 gerou inúmeros transtornos e prejuízos para a população. O público composto por pessoas idosas é um dos que mais tem sofrido com isso. Os motivos são inúmeros, mas um dos principais é o abandono dos exercícios físicos. Seja por não poderem sair de casa, ou por desenvolverem depressão, o que inviabiliza o desejo por qualquer tipo de atividade. Este afastamento dos exercícios pode aumentar os casos de Sarcopenia, que é a perda de massa muscular.

A sarcopenia (do grego sarx: carne; penia: perda) é uma condição caracterizada pela redução da massa muscular, também chamada de massa magra. Se os músculos são os principais atuantes nos movimentos do corpo, a redução da massa muscular poderá prejudicar atividades do dia a dia, levando a desfechos adversos de saúde como, por exemplo, acidentes domésticos. Vale ressaltar, que o músculo esquelético tem como principais funções o movimento e a estabilização de ossos e outras estruturas do corpo.

De acordo com o ortopedista e especialista no assunto, Fabrício Bolpato, já existem trabalhos mostrando que a fragilidade do idoso está associada à solidão e isolamento social. “Sabe-se que estes fatores estão associados a uma mortalidade mais elevada e a um pior estado funcional. Por isso, mais estudos devem ser realizados neste grupo a fim de propor novas soluções para os tempos de isolamento social de indivíduos que já eram vulneráveis a sarcopenia e a fragilidades como um todo”, explicou o médico.

Quem pode desenvolver sarcopenia?

O envelhecimento está associado à redução significativa e constante da massa magra e, consequentemente, da função física. A redução da massa muscular se inicia por volta dos 40-50 anos, e quanto mais idade, maior a chance de desenvolvimento da sarcopenia. Outros fatores de risco como sexo (maior chance em mulheres), hábitos de vida, comorbidades e carga genética também podem predispor ao aparecimento da sarcopenia.

“O sistema muscular é um grande reservatório de proteínas do corpo e tem a capacidade de produzir ou degradar proteínas de acordo com a necessidade do organismo. A população idosa que possui um consumo nutricional médio abaixo do recomendado, associado à própria condição da idade de menor capacidade de produzir proteínas no músculo, possui maiores chances de perda de massa magra”, disse Fabrício Bolpato.

Ainda de acordo com o ortopedista, a população idosa apresenta resistência anabólica, ou seja, ao praticar atividade física, possui menor capacidade de síntese de proteína muscular do que um indivíduo jovem. “A inatividade física dos idosos somada a esta condição de resistência anabólica são grandes responsáveis pela perda progressiva de massa muscular no processo de envelhecimento”, alertou.

Envelhecimento da população também está associado à Sarcopenia

O Brasil está apresentando uma inversão em sua pirâmide etária e deve chegar a 2030 tendo a sexta maior população idosa do mundo. Com o aumento do número de idosos em ritmo acelerado, torna-se necessário o maior entendimento dos fenômenos associados ao processo de envelhecimento. Conhecer as alterações como a sarcopenia é um passo fundamental para a adoção de medidas de promoção e assistência de saúde.

O consenso do European Working Group on Sarcopenia in Older People dividiu a sarcopenia em 3 estágios: pré-sarcopenia, quando há apenas redução da massa muscular; sarcopenia, quando está associada a redução da força muscular ou do desempenho físico; e a sarcopenia grave, caracterizada por alterações simultâneas de redução de massa magra, da força muscular e do desempenho físico.

Quais as consequências da sarcopenia?

Um idoso sarcopênico apresenta decréscimo da força muscular e da tolerância ao exercício, fraqueza, fadiga, culminando na limitação de atividades básicas do dia a dia. Com isso, o idoso fica mais dependente e mais frágil, apresentando comprometimento da imunidade, o que o torna mais vulnerável a infecções. “O indivíduo é acometido na área de saúde mental, social e física, levando a diminuição da qualidade de vida e aumento dos riscos de complicações adicionais às suas comorbidades já existentes e até mesmo morte”, explicou o especialista.

A fragilidade do idoso representa um aumento do estado de vulnerabilidade biológica. Essa condição aumenta o risco de queda e lesões, doenças agudas, hospitalizações, dependência, etc. A fragilidade aparece de forma acelerada nos indivíduos com menos massa magra e declínio da imunidade.

Como prevenir e tratar a sarcopenia

O principal objetivo da prevenção e do tratamento é melhorar a capacidade funcional do indivíduo, contribuindo para sua independência nas atividades básicas diárias e prevenção da fragilidade do idoso. A nutrição adequada a demanda de cada organismo é primeiro passo. Os exercícios de resistência são os que mostraram benefício no ganho de massa muscular. Atividades aeróbicas como caminhada, natação, ciclismo, etc, melhoram a função muscular e estão associadas a menor morbidade e mortalidade.

“Em 2020 foram desenvolvidas diretrizes quanto a prática de atividades físicas de acordo com os protocolos da Organização Mundial de Saúde. A atividade física confere benefícios como a redução de mortalidade por doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes tipo 2, câncer, saúde mental (redução dos sintomas de ansiedade e depressão), saúde cognitiva e sono”, afirmou.

Principais recomendações para adultos acima de 65 anos:

• >> Todos os adultos devem praticar atividade física regular;

• >> Realizar pelo menos 150-300 min de atividade física aeróbica de intensidade moderada, ou pelo menos 75-150 min de atividade física aeróbica de forte intensidade, ou uma combinação equivalente de atividade física de intensidade moderada e forte ao longo da semana.

• >> Os adultos também devem fazer atividades de fortalecimento muscular em intensidade moderada ou maior que envolvam todos os principais grupos musculares em 2 ou mais dias por semana.

• >> Os idosos devem realizar atividades físicas que enfatizem o equilíbrio funcional e o treinamento de força em intensidade moderada ou maior, pelo menos 3 vezes por semana. Estes são fundamentais na prevenção de quedas.

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