Tragédia do Vale do Cuiabá completa 11 anos nesta terça-feira

JANAINA DO CARMO
Redação Tribuna

A tragédia do Vale do Cuiabá e regiões do entorno completou 11 anos nesta terça-feira, dia 11 de janeiro. O temporal deixou um rastro de destruição por pelo menos 10 quilômetros entre a Estrada de Teresópolis (Estrada Philuvio Cerqueira) e o Vale do Cuiabá. O “tsunami”, como chamam as vítimas, levou árvores, pontes, casas, pedras, veículos, pessoas e vidas. A tragédia deixou 74 mortos e pelo menos 30 pessoas ainda estão desaparecidas.

Onze anos depois da tragédia, a região tem poucas marcas do temporal. A vegetação agora toma conta dos locais que antes foram tomados pela lama. O cenário de destruição ficou para trás, mas as lembranças da noite do dia 11 de janeiro ainda permanecem vivas na memória dos moradores,

“Passamos à noite em cima do muro da casa, rezando para que ele não cair”. Foi assim que Ana de Fátima, de 64, e a família sobreviveu a tragédia do Vale do Cuiabá. Ela contou que estava dormindo e foi acordada pela vizinha, pedindo socorro. “Ela e a família moravam no imóvel de baixo e quando a água inundou tudo ela correu para minha casa, que ficava em cima. Mas não conseguimos ficar lá também, porque a água subiu rápido. Só tivemos o muro do lado de fora para nos abrigarmos até o dia amanhecer”, contou.

Na época da tragédia, Ana de Fátima e a família moravam em um sítio. Atualmente, ela mora em outro local. “Quando amanheceu e já não tinha mais água conseguimos procurar abrigo na casa da minha filha, que não foi atingida. O que aconteceu aquele dia é difícil de esquecer. Eu não perdi ninguém da família, mas muitos amigos se foram”, comentou.

De acordo com dados da Prefeitura, 187 famílias ficaram desabrigadas em janeiro de 2011. Hoje, 18 famílias do Vale do Cuiabá, ainda aguardam por uma casa. As primeiras unidades a serem entregues as vítimas da chuva foi em 2013, 24 no total, construídas por iniciativa do Instituto da Criança. A entidade criou o projeto Nosso Cuiabá e com a ajuda de entidades privadas realizou a obra.

Em 2014, mais 50 casas foram entregues pelo governo do Estado. Elas foram construídas no mesmo terreno onde o Instituto da Crianças construiu as primeiras casas. Além das moradias, na época o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) também cadastrou as famílias para o recebimento de indenizações.

O Inea também iniciou obras nos rios Carvão, Cuiabá e Santo Antônio para evitar novas tragédias. Onze anos depois e as intervenções nos rios ainda não foram concluídas. Além disso, outros projetos de preservação das margens dos rios do Inea nunca saíram do papel.

O temporal da noite do dia 11 de janeiro atingiu também outras cidades da região: Teresópolis, Nova Friburgo, Areal, Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com dados oficiais do Governo do Estado do Rio, a tragédia vitimou mais de 900 pessoas, deixou 30 mil desalojados e ainda há 99 pessoas desaparecidas.

Em nota, o Inea informou que junto com a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade “iniciaram, em 2021, a 2ª etapa das obras que visam à melhoria do escoamento dos Rios Santo Antônio, Cuiabá e Carvão, na Região Serrana do Rio. O serviço tem por objetivo minimizar as inundações decorrentes do transbordamento dos mesmos. As intervenções abrangem a canalização de 3,8km do Rio Cuiabá; 2,8 km do Rio Santo Antônio; e 80 metros do Rio Carvão, e os investimentos são da ordem de R$ 28 milhões, recursos oriundos do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Para mitigar os estragos causados à cidade de Petrópolis pela tragédia climática ocorrida em 2011,o órgão ambiental estadual realizou obras emergenciais, visando o controle de inundações e à recuperação ambiental dos principais rios da Região Serrana do Rio. Em Petrópolis, os corpos hídricos beneficiados pelas intervenções foram os Rios Cuiabá, Piabanha, Carvão e Santo Antônio. Para as obras na Região Serrana, foram investidos R$ 325 milhões do Governo Federal, e cerca de R$ 79 milhões, do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam)”.

A equipe do Jornal Correio da Manhã também solicitou um posicionamento da Secretaria de Obras e Infraestrutura do Estado sobre as obras realizadas na região do Vale do Cuiabá, nesses 11 anos, mas até o momento não obtivemos resposta.

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