Raphaela Cordeiro
Seguindo o cronograma de vistorias técnicas, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) foi ao Castelânea. Esta é uma das oito regiões que estão sendo visitadas pelo órgão, que foram consideradas como prioridades, após a forte chuva que assolou Petrópolis no dia 15 de fevereiro. As vistorias estão sendo realizadas pela procuradora do Ministério Público, Denise Tarin.
Quase seis meses após a tragédia, pouco foi feito no Castelânea. Quem chega à localidade, vê deslizamentos, casas com a estrutura comprometida e famílias sem acesso ao aluguel social. Mas o problema principal, é outro. “Falta de informação. A gente fica um pouco perdido sobre quem procurar e o que fazer. A Prefeitura empurra para o Governo do Estado e vice-versa, e a gente fica sem saber que atitude tomar. As vezes só uma informação melhor pros moradores nos deixaria um pouco mais aliviados”, explicou a Presidente da Associação de Moradores do Castelânea, Juliana Esteves.
Quando chove muito na região do Castelânea, a água que cai na encosta desce para o fundo do vale que existe no local. No topo do Castelânea, há um manancial que foi atingido no dia 15 de fevereiro, afetando o direcionamento da drenagem das águas, do esgoto e das nascentes existentes na região. Este manancial recebe também todas as drenagens de águas pluviais e esgoto das regiões do Sargento Boening, Estrada do Paraíso e Morro dos Turcos. Com o manancial atingido, houve desmoronamentos em alguns pontos.
Em diferentes trechos do Castelânea, a população está convivendo com o esgoto a céu aberto. Os deslizamentos atingiram o encanamento, que até hoje, não foi reestabelecido e por isso, quem vive no local, convive com o mal cheiro. Os moradores contam que já solicitaram os serviços da Águas do Imperador, mas até hoje, o problema não foi solucionado. “Inclusive a gente trouxe aqui dois diretores da Águas do Imperador para olhar o que estava acontecendo. Eles levaram nosso relatório com todas as demandas urgentes e a gente ainda está esperando uma resposta. Mais uma vez”, disse Juliana.
O aposentado Almir Macêdo nasceu e cresceu em uma casa que fica na Servidão Luiz Macedo, uma das mais atingidas no Castelânea. Um deslizamento atingiu a parte de trás da casa onde mora e, para tirar todo o entulho do terreno, ele precisou contratar uma pessoa com o dinheiro que recebe da aposentadoria. A COMDEP está realizando a limpeza do terreno vizinho, mas ele não conseguiu permissão para que o mesmo serviço fosse feito no seu terreno. “A COMDEP não fez nada por mim e não colocou ninguém aqui. Eu tô tirando o meu dinheiro para pagar uma pessoa para tirar a terra pra mim. Eu não sei como, mas tem 10 homens da COMDEP no meu vizinho tirando toda a terra”, explicou Almir.
O objetivo das vistorias do Ministério Público é mapear as necessidades de cada bairro e propor ações para apresentar ao poder público. O órgão age como um advogado da população e leva, até as audiências, as maiores necessidades das comunidades. São traçadas ações em busca de soluções efetivas. Este foi o sexto dia de vistorias. A região do Floresta será vistoriada na próxima quarta-feira, dia 10.
Procurada, a Águas do Imperador informou que será feita uma vistoria no local para avaliação do que pode ser feito. Foi informado que na ocasião das chuvas, quando uma equipe esteve na região, não era possível acessar o local.
Fotos: Raphaela Cordeiro