Larissa Martins
A 10ª edição da Festa Afro Ubuntu, promovida pela prefeitura de Petrópolis e pelo Conselho Municipal de Proteção à Igualdade Racial, começou na quinta-feira (17) na Praça da Liberdade. Na programação gratuita, estão shows com artistas renomados da música brasileira, apresentações culturais e musicais de artistas locais. Na oportunidade, foi lançado o programa Disque Antirracismo, que busca combater a discriminação racial na cidade.
O diretor da Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), explica a importância da criação desta linha de proteção. “O objetivo da festa é comemorar e preservar a cultura afro brasileira. Queremos por meio da festa garantir ações de políticas públicas que vão assegurar os direitos dos negros na cidade. Por isso lançamos o programa Disque Antirracista. O primeiro atendimento é feito no COMPIR e encaminhamos os casos para os profissionais especializados. As vítimas podem fazer denúncias pelo número 0800-024-1000”, explica Filipe Graciano.
Apesar da festa existir há dez anos, apenas neste ano ela recebeu um nome. Ubuntu é o nome de uma tribo africana. O significado remete a um conceito moral, uma filosofia, um modo de viver que se opõe ao narcisismo e ao individualismo, ou seja, ensina o altruísmo, fraternidade e colaboração entre os seres humanos.
O bloco de carnaval “Guerreiros da Vinte” foi responsável por abrir a cerimônia. Por conta da pandemia, as apresentações ficaram paralisadas. Na festa, os integrantes já chegaram na praça marcando presença e força. Isabele Cristine é rainha da bateria e ficou emocionada com a oportunidade. “Não tenho palavras para descrever o evento, porque é raro ver a festa afro acontecendo nessa proporção tão grande. Eu participo desde a fundação em 2016 e dá um orgulho vendo o bloco voltando a ativa”, disse ela.
A Secretaria Municipal de Cultura convidou artistas visuais para personalizarem a praça com desenhos de personalidades brasileiras, heranças africanas e diversos aspectos da negritude. Airá Ocrespo trabalha a mais de vinte anos como grafiteiro e veio do rio de janeiro para registrar a marca dele nas paredes de Petrópolis. “Eu e outros artistas fizemos uma obra conjunta onde cada um desenhou levando em consideração o próprio estilo, mas que o resultado final ficasse harmônico. Para mim é um privilégio ter sido reconhecido, porque não é fácil ser artista e não é fácil ser negro no Brasil. E como eu sou os dois, ainda enfrento muitas dificuldades”, conta o grafiteiro.
As barracas de venda de artesanato e comidas típicas da cultura africana também fazem parte do cenário. Carla Marques trabalha como artesã há mais de dez anos e aceitou o convite da prefeitura para vender os produtos na festa. “Eu trabalho com costura fazendo bolsas, estojos e outros artesanatos. Espero que eu venda tudo até o fim da festa”, conta.
A programação segue até domingo, dia da consciência negra, e ainda vai contar com oficinas, concursos, premiações, marcha do povo do santo, teatro e mostra de cinema.
Imagens Wendel Fernandes