Moradores afirmam que morte na Servidão Agripino Felício, em Petrópolis, era tragédia anunciada

O homem de 61 anos, identificado como Jerônimo Mendes Filho, morreu após cair de uma altura de aproximadamente três metros. O acidente aconteceu na madrugada de sábado (19), na servidão Agripino Felício, que faz a ligação entre os bairros Siméria e o Vital Brasil, no São Sebastião. Mesmo em estado precário, o trajeto é utilizado pelos moradores.

Anderson Luiz vive na região há 30 anos e diz que o problema já é antigo. “Eu vi muitas mudanças nesse lugar, mas uma coisa que não muda é a falta do Poder Público. A nossa servidão está abandonada. A gente pede desde 2015 para olhar para essa barreira. O Poder Público diz que o trecho está embargado mas até turista passa aqui, pois estamos perto da rampa de asa delta e da Pedra do Cortiço”, disse o empresário.

No local, há pouca iluminação pública, não há sinalização e nem manutenção viária. Os moradores que utilizam passagem reclamam que o caminho não é seguro, não recebe capina ou roçada e sofre com deslizamentos de terra, por ser uma região afetada pelas chuvas há quase 10 anos. “A gente não está tendo auxílio do Poder Público. Essa barreira vem caindo desde 2015 e a gente não tem solução. Não tem uma obra que beneficie essa comunidade”, disse o Presidente da Associação de Moradores do São Sebastião, Luciano Pires.

A Prefeitura de Petrópolis informou que o Secretário de Proteção e Defesa Civil, Gil Kempers, esteve no local junto com o Corpo de Bombeiros. De acordo com ele, as casas em área de risco foram interditadas em 2015 e não existem pessoas morando em área de risco no local. Mas, na realidade, há pessoas vivendo na região que utilizam a passagem diariamente e, segundo os moradores, nunca houve sinalizações de interdição. “Tem vários moradores aqui e o que torna de maior risco é que esse é um trajeto de ir e vir da comunidade. São pessoas indo para a Igreja, vindo do mercado, da escola, posto de saúde… É uma área muito utilizada”, disse Luciano.

Uma semana antes do acidente, as jovens Ana Luisa e Mariana, que estudam na Escola Municipal Papa João Paulo II, fizeram um trabalho escolar apontando exatamente este problema que os moradores enfrentam na região. A preocupação já existe há pelo menos cinco anos e foi tema do trabalho exigido na escola, além de problemas com o esgoto e bueiros entupidos. “Elas falaram exatamente do abandono da servidão e que uma pessoa poderia morrer aqui. Uma semana antes de acontecer. Duas jovens alunas enxergaram o problema e a prefeitura não”, disse Anderson Luiz.

Também foi informado pela prefeitura que, na semana que vem, vai enviar equipes das secretarias de defesa civil e obras para uma vistoria.

Por Raphaela Cordeiro

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