Após as tragédias em Petrópolis, a ONG “Todos Juntos, Ninguém Sozinho”, iniciou uma campanha afim de combater o racismo ambiental. O termo é utilizado com forma de identificar pessoas em vulnerabilidade social e que são vítimas, não só das tragédias socioambientais, mas também, da falta de infraestrutura local. Afim de compreender o cenário na cidade, o Correio Petropolitano Debate entrevistou a fundadora da ONG, Pâmela Mércia.
A ONG foi criada em 2020 com o objetivo de auxiliar famílias de baixa renda, afetadas por conta da pandemia, mas o trabalho foi avançando durante os anos. “Foi exatamente após as tragédias na cidade que vimos a necessidade de iniciar a campanha. Ao analisarmos as vítimas deste cenário, notamos pessoas negras, indígenas, quilombolas e pobres. Lógico que nem todos, são negros, mas na maioria. Por isso, utilizamos esse termo racismo ambiental”, comenta Pâmela.
Entre as ações da campanha, estão: levar conhecimentos básicos jurídicos, promover renda, seja de maneira informal ou com pelo mercado de trabalho. “É importante levar também capacitação profissional, afinal uma mulher negra, que por exemplo, sofre algum tipo de violência, como ela vai se profissionalizar?”, explica a fundadora da ONG.
Outro objetivo da ação, é levar a conscientização ambiental aos moradores das localidades de risco. Em Petrópolis, foram 242 mortes em 2022. “Uma pessoa que degrada o solo, ela não faz isso de propósito, mas pela falta de informação. Quando ela entende o local que vive, compreende as necessidades que precisa e o terreno. Até mesmo quando um político for à comunidade para levar propostas, os moradores saberão o que é viável”, afirma.
Apesar do trabalho da ONG, as gestões públicas também são necessárias para minimizar o racismo ambiental, mas em Petrópolis, pouco é feito. A cidade, marcada historicamente por tragédias, ainda apresenta locais que não receberam intervenção. “É importante que a população cobre, esteja presente, participe dos conselhos, pois nenhum político vai entender a emergência de uma obra, do que quem convive e dorme apreensivo no dia de chuva”, finaliza.
Por Richard Stoltzemburg