“Prefeito não quero ser esquecida”! O primeiro dia da tradicional festa da cultura Alemã em Petrópolis, a Bauernfest, não foi marcado apenas por celebrações. Moradores do Morro da Oficina, que perderam familiares e todos os bens materiais, protestaram para pedir resoluções efetivas nas áreas atingidas, e apoio digno às vítimas. No momento em que o prefeito Rubens Bomtempo tomou a palavra na cerimônia, a cozinheira, e moradora há 31 anos o Morro da Oficina, Cristiane Gross da Silva, pediu diretamente ao gestor do município, que ela e todos os outros afetados pelas tragédias de 2022, não sejam esquecidos.

Com narizes de palhaço e segurando cartazes, a ação foi mais um pedido de socorro daqueles que se encontram invisibilizados desde as tragédias. “Não fomos ao evento para causar tumulto, pois temos educação e sabemos da importância do turismo, e de eventos como a Bauernfest para a economia da nossa cidade. Mas precisamos ser vistos! Queremos que um memorial seja construído no Morro da Oficina, eles nos devem isso! Queremos os bairros que foram devastados devidamente reconstruídos. Queremos não ter que mendigar por aluguel social e indenização, afinal, é o nosso direito! Fizeram da nossa dor palanque para campanha política. Isso é inadmissível”, disse Cristiane revoltada.
Cristiane, de 49 anos, viveu por 31 anos na Servidão Frei Leão, no Morro da Oficina. Ela perdeu nove parentes, entre eles, a filha de 19 anos, um neto de apenas 5, quatro sobrinhos, sendo um de 17 dias, entre outros. No local 54 casas foram devastadas e 93 corpos resgatados. “Até a tragédia registrada em 2022, o Morro da Oficina nunca tinha tido problemas com chuvas fortes. Por este motivo, não culpo o poder público pelo ocorrido, mas sim por toda falta de responsabilidade e comprometimento após as tragédias. Tendo em vista que até hoje, muitas regiões afetadas não foram reconstruídas”, disse.
Por Thaciana Ferrante/ Foto: divulgação