TCU aponta irregularidades com a Concer e pede nova licitação

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou à ANTT e ao Ministério dos Transportes que tomem as providências para realizar uma nova licitação da BR-040/495, que liga os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, passando por Petrópolis. A recomendação da Corte de Contas se teve após análise, nesta última quarta-feira (13), de uma representação do Ministério Público Federal (MPF) sobre possíveis irregularidades nos reajustes e revisões tarifários, ocorridos nos exercícios de 2014 a 2016, na concessão da rodovia. Segundo o TCU, o contrato celebrado com a Concer teria havido aumento de 57,5% no valor do pedágio, apesar das graves irregularidades e inexecuções contratuais.

O Tribunal decidiu dar ciência à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) -que a alteração da localização do atual pedágio, na entrada de Xerém, em Duque de Caxias, foi irregular. Na época a ANTT havia acatado um pedido da Concer, que afirmava que com a criação do Arco Metropolitano, os motoristas iriam desviar do pedágio por meio de uma via alternativa, acarretando numa queda de arrecadação. A Agência não só acatou a avaliação baseada em estudos de especialistas, como custeou a transferência no valor de R$ 5,9 milhões.

Entenda o caso

O contrato celebrado na época com a Concer previa prazo de exploração da rodovia de 25 anos, sem possibilidade de prorrogação, a partir de 1º de março de 1996, com término previsto em 28 de fevereiro de 2021.

“Durante a execução contratual, foram identificados graves problemas de inexecução dos serviços e dos termos contratuais. A Concer, em 2014, era a concessionária de rodovias federais que possuía a maior tarifa de pedágio por 100 km e a que, de longe, apresentava o maior índice de inexecução de suas obrigações”, explicou o ministro-relator da decisão do TCU, Walton Alencar Rodrigues.

Nesse contexto, foram realizadas algumas modificações contratuais, sendo a mais relevante o 12º Termo Aditivo, que previu aportes de recursos federais de R$ 217 milhões (abril de 1995), para financiar obras da Nova Subida da Serra (NSS), e a alteração da localização da praça de pedágio do km 104 para o km 102 da BR-040. Por meio desse instrumento aditivo também se aumentou a tarifa de pedágio de R$ 8 para R$9 e estabeleceu a possibilidade de prorrogação do contrato como meio de reequilíbrio, em caso de não efetivação dos aportes.

“Registro que, atualmente, a Concer ainda opera a concessão, por força de decisão judicial, adotada em ação na qual discute com a ANTT supostos desequilíbrios financeiros. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) permitiu a prorrogação da avença somente até a conclusão do procedimento licitatório da nova concessão, que ocorre com tardança injustificada”, atualizou o ministro Walton.

Licitação em outubro?

Em janeiro deste ano, o Ministério do Transporte demonstrou interesse em realizar um projeto de revisão das concessões rodoviárias no país. Estão previstos 13 leilões rodoviários e a conclusão da negociação para a revisão de outros 14 contratos com a iniciativa privada já existentes e que apresentam problemas. Dentre esses, a rodovia que liga o estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais. No projeto, caso não haja o aval do TCU para a otimização contratual, está previsto que o leilão, para uma nova Concessionária assumir, seja realizado ainda em outubro deste ano.

Respostas

Procurada, a Concer informou que “segundo dados oficiais, em 2015, portanto há quase 10 anos, a Companhia já havia executado 146% das obrigações estabelecidas pelo contrato de concessão, o que contesta a alegação de inexecução contida no referido processo. A estimativa é que a concessionária tenha cumprido o dobro do que o contrato original previa”, afirmou.

A Concer ainda esclareceu que o contrato de concessão permanece vigente por decisões judiciais que reconheceram que a companhia tem créditos a receber, resultado de grave desequilíbrio contratual enfrentado desde dezembro de 2014. “Os reajustes tarifários seguiram o rito legal e estavam previstos em contrato”, finalizou a Concessionária.

Já a ANTT afirmou ao Correio que se manifestará diretamente ao Tribunal de Contas da União (TCU). “No entanto, a Agência adianta que o projeto de relicitação da BR-040/495/MG/RJ encontra-se em revisão de estudos pela área técnica. Após essa etapa, o projeto será enviado para análise do TCU. O corpo técnico está empenhado em concluir o processo para envio ao Tribunal, e está empenhada na busca pela melhor solução para o trecho rodoviário. Quanto à revisão feita nos anos anteriores, a ANTT está analisando o teor da decisão e prestará todos os esclarecimentos à Corte de Contas”.

Por Gabriel Rattes/Divulgação / CONCER

Related posts

Estácio Petrópolis promove Semana Nacional dos Cursos com muito conhecimento, inovação e conexão com o mundo profissional

Menos de duas horas após denúncia feita ao Linha Verde, UPAm Três Picos flagra crime ambiental em Itaipava 

Equipes do Samu são mobilizadas para salvar bebê de apenas sete dias de vida