Vistoria no Crazy Park revela divergência nas irregularidades

Documento não aponta a inadequação das colunas usadas para a sustentação | Foto: Mariana Braga/CM

A equipe do jornal Correio Petropolitano teve acesso a dois documentos oficiais referentes à vistoria realizada no parque de diversões Crazy Park, instalado na Expo Petrópolis 2025: o laudo de interdição elaborado pelo Corpo de Bombeiros e o relatório técnico do GAP, a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). No entanto, foi identificada uma divergência importante entre eles: enquanto o CBMERJ apontou cinco irregularidades, o GAP relatou 12 falhas estruturais e de segurança. Dentre elas: a inadequação das colunas usadas para a sustentação dos brinquedos e rachaduras no brinquedo Barca Viking.

A inspeção foi feita pelo 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), com acompanhamento do Grupo de Apoio aos Promotores (GAP), após o acidente que matou um jovem de 19 anos e deixou duas mulheres feridas no último fim de semana.

Os documentos, divulgados pelo MPRJ, fazem parte de uma ação civil pública da 2ª Promotoria de Tutela Coletiva do Núcleo Petrópolis, que pede a suspensão das atividades do Crazy Park em qualquer lugar até o julgamento final do processo.

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (02), um acidente em um dos brinquedos do parque de diversões Crazy Park, instalado na Expo Petrópolis 2025, resultou na morte de um homem. Duas mulheres também ficaram feridas. As vítimas foram socorridas dentro do parque e encaminhadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaipava. Morador de Miguel Pereira, João Victor Souza Trindade, de 19 anos, faleceu ao chegar na unidade devido a múltiplas lesões, uma mulher teve ferimentos, mas foi liberada, e a outra teve escoriações e foi liberada ainda na madrugada. Testemunhas afirmam que a trava de segurança do brinquedo “Expresso do Amor” soltou em uma das voltas.

No sábado (03) foi realizada então uma vistoria no parque pela equipe do CBMERJ, comandada pelo Capitão Baltazar, vistoriador, que percorreu todos os brinquedos avaliando as condições de cada um e o cumprimento das exigências propostas anteriormente.

O laudo dos bombeiros, que culminou na interdição do local, apresentou cinco irregularidades. Foram elas: número de extintores incompatíveis com a quantidade autorizada em planta baixa; geradores de energia não devidamente cercados por grades; pontos de oxidação em componentes de metal em alguns brinquedos; e pontos de energia elétrica expostos ao público.

Ministério Público identificou mais falhas de segurança

O GAP, vinculado ao MPRJ, acompanhou a vistoria dos bombeiros e produziu um laudo mais detalhado. O relatório lista 12 irregularidades, incluindo falhas estruturais graves não mencionadas pelo Corpo de Bombeiros. Confira os itens identificados:

1. A inadequação das colunas usadas para a sustentação dos brinquedos, visto que a maioria das colunas estão sustentadas e apoiadas em cavalete, não previsto tecnicamente:

2. Aterramento exposto no brinquedo Barca Viking – Piratas, na área de circulação de pessoas;

3. Diversos fragmentos de vidro no piso da Barca Viking – Piratas onde os usuários se sentam para brincar, não sendo possível verificar a origem do material;

4. Ferrugem na estrutura do brinquedo Barca Viking;

5. Rachaduras no brinquedo Barca Viking;

6. Elétrica exposta ao lado do brinquedo Samba em área de circulação de pessoas;

7. Aterramento exposto no brinquedo carrinho de bate-bate;

8. Elétrica exposta no carrossel elefante;

9. Falta de isolamento adequado onde estão depositados os transformadores. A área deveria estar completamente isolada da circulação de pessoas;

10. Falta de isolamento de proteção adequado no brinquedo crazy. Foi verificado um vão de aproximadamente um metro entre a plataforma e o painel do brinquedo que pode ocasionar quedas visto que o brinquedo faz dois movimentos de rotação simultaneamente;

11. Fiação exposta no brinquedo Tobogã;

12. Diversos fios expostos inclusive desencapados no brinquedo Scream Place, cabendo esclarecer que a proposta do brinquedo é de uma pista onde as pessoas circulam com pouquíssima iluminação.

Posicionamento das partes

Ao Correio Petropolitano, a defesa do Crazy Park respondeu que o gerador não estava totalmente isolado porque as cercas foram utilizadas para interditar o brinquedo. “[…] tirando essas cercas ficaram alguns fios expostos”, explicou o advogado Giuliano Vettori. Quanto aos extintores, o advogado afirmou que no momento da estreia do parque de diversões e durante a operação havia 16 no local, mas que durante a vistoria havia somente 12 e que a diferença pode ter sido por conta de furto ou extravio. Quanto às irregularidades apontadas pelo GAP, não obtivemos uma resposta.

Procurada pela equipe do Correio, não obtivemos resposta do Corpo de Bombeiros sobre o motivo da emissão da autorização de funcionamento, se foram encontradas irregularidades no local. Também não responderam sobre a divergência entre os dois relatórios.

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