80% dos inadimplentes relatam efeitos negativos na saúde
O peso das dívidas vai muito além do bolso. A inadimplência tem impacto direto não só no orçamento, mas também na saúde física, mental e até na produtividade no trabalho. É o que revela uma pesquisa nacional da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, que entrevistou consumidores com contas em atraso há pelo menos três meses e foi divulgada nesta quinta-feira( 22).
O levantamento aponta que 80% dos inadimplentes relatam efeitos negativos na saúde física ou mental em função das dívidas. Alterações no sono (62%) e no apetite (48%) estão entre os sintomas mais frequentes, além do aumento de vícios, como cigarro e álcool (38%), e até compras por impulso (27%).
“O endividamento é um problema que começa nas finanças, mas rapidamente se espalha para outras áreas da vida. Aqui em Petrópolis, não é diferente. A inadimplência afeta o bem-estar das famílias, o convívio social e, muitas vezes, a própria produtividade no trabalho”, alerta Cláudio Mohammad, presidente da CDL Petrópolis.
A pesquisa mostra ainda que 97% dos inadimplentes sofrem com algum tipo de desgaste emocional, sendo que 81% relatam preocupação constante, 69% se dizem ansiosos e 60% mencionam sentimentos de angústia, vergonha e estresse. Além disso, 57% afirmam que as dívidas impactaram suas relações sociais, levando 60% deles a perderem a vontade de sair e 45% a ficarem mais irritados e intolerantes com quem está por perto.
O padrão de vida também sofre abalo: 81% dizem que tiveram que mudar seus hábitos, sendo que 38% relatam impacto total e 43% parcial. Apenas 17% não sentiram alterações.
“É um ciclo difícil. A pessoa se endivida, sente vergonha, se isola, perde produtividade e, muitas vezes, agrava a situação financeira por não conseguir reagir. Por isso, é fundamental que os consumidores busquem ajuda, negociem suas dívidas e evitem cair em promessas de soluções fáceis, como empréstimos abusivos ou até apostas na internet”, reforça Mohammad.
De fato, 61% dos entrevistados relataram queda na produtividade no trabalho, sendo que 43% ficam mais desatentos, 41% produzem menos e 38% perdem a paciência com colegas. Além disso, 64% dizem ter um nível de preocupação alto ou muito alto com as dívidas, e para 30% o maior medo é simplesmente não conseguir pagar.
O medo de serem vistos como desonestos (10%) ou como pessoas incapazes de administrar as finanças (10%) também aparece no levantamento, assim como o receio de precisar reduzir drasticamente o padrão de vida (10%).
Apesar de todo esse cenário, muitos inadimplentes estão adotando mudanças positivas de comportamento: 39% passaram a controlar melhor seu orçamento, 35% evitam compras a prazo, 35% se afastaram de pessoas que estimulam o consumo e 32% cortaram gastos com roupas e calçados. Outros hábitos que ganharam força foram pensar muito antes de comprar (38%), controlar melhor os gastos domésticos (36%), pesquisar preços (33%) e até reduzir o uso do cartão de crédito (23%).
“A CDL tem reforçado ações de conscientização financeira. Estar endividado não significa fracasso. É uma situação que pode e deve ser enfrentada com informação, planejamento e, sempre que possível, negociação. E é importante lembrar: cuidar das finanças é, também, cuidar da saúde. O papel do comércio é vender, claro, mas essa roda da economia precisa girar de forma contínua e saudável. Sua interrupção por conta do endividamento, não beneficia nem o comprador nem o lojista”, analisa o presidente da CDL Petrópolis.
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