Na última sexta-feira (10), o Secretário Estadual de Transportes, Washington Reis, anunciou, com exclusividade ao Correio Petropolitano, a reconstrução da linha férrea, que liga as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis. De acordo com ele, o Palácio da Guanabara confirmou que 20% dos recursos necessários para iniciar a licitação da obra de reconstrução da linha, já foram aprovados.

A Estrada de Ferro Mauá, como é conhecida hoje em dia, foi a primeira ferrovia a ser estabelecida no brasil. Ela foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854, chegando a mais de 15 km de extensão. Ela levou este nome por ser construída por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Hoje, quase 170 anos depois da fundação, a promessa do governo do estado é de reconstruir a linha, melhorando a mobilidade urbana entre as cidades. A linha férrea ligaria a cidade do Rio de Janeiro, saindo do Pier Mauá e levando os passageiros até Petrópolis, sendo finalizada na região do Alto da Serra.
Em 1962, todo esse trecho da estrada foi desativado em meio à expansão das rodovias e estradas no Brasil. E apesar de ainda não ter sido informada a data de início das intervenções, o secretário afirmou que o projeto-base será o mesmo do que o fundado em 1854, somado de novas tecnologias e recursos.
Mas, mesmo auxiliando a ligação entre as duas cidades, existe a preocupação com as famílias que vivem no entorno. Vespaziano Ramalho, de 74 anos, nasceu e foi criado as margens da Estrada de Ferro Mauá.
Para ele, o trem ajudaria muita gente, mas ao mesmo tempo, colocaria em risco a moradia de quem vive na região. “Aqui no nosso país se dão 10 milhões de reais, eles querem gastar 20. Eu acho que vai ser difícil sair essa obra porque tem muita gente e propriedades no caminho. Quando aquele trem subia, balançava tudo e essas casas vão cair. Não vão ter onde botar todas essas pessoas”, disse o aposentado.
Para o Governo do Estado, a estrada de ferro também será um atrativo turísticos já que promete ser um caminho de muita beleza histórica e natural. Mas, que a obra seja viável, é preciso a realização de um estudo detalhando de que maneira essas famílias não seriam prejudicadas. São centenas pessoas que vivem há anos no trecho por onde o trem circulava. “Se for para o bem da humanidade e eles arranjarem um lugar para ficarmos, eu aceitaria numa boa. Tem que ter um lugar apropriado para a gente ficar. Mas o trem realmente facilitava muito a ligação das cidades”, disse Vespaziano.
Na época da inauguração da linha, após descer a serra, o trem chegava em Magé, no pé da Serra da Estrela, onde chegava às estações de Vila Inhomirim e em seguida, Fragoso. Essas duas estações estavam ativas até o ano de 2020, fazendo a ligação da linha férrea até o Rio de Janeiro. Naquele ano, elas foram interditadas por conta da necessidade de reparos estruturais na ponte sobre o Rio Ribeirão das Moças, por onde o trem passava, mas até hoje, essas intervenções não foram realizadas e ainda não há data para a retomada dos serviços.
A nossa equipe procurou o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a respeito do estudo para a desapropriação destas famílias, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.
Por Raphaela Cordeiro