Problemas estruturais e falta de campanhas rodearam o debate
A Câmara de Nova Friburgo poderá instituir uma campanha anual contra o descarte irregular de lixo. O assunto foi debatido na última semana em audiência pública, onde o vereador Ghabriel Zezinho (Solidariedade), apontou que o problema acontece corriqueiramente em toda região, ressaltando a necessidade de ferramentas públicas efetivas para resolver ou reduzir a prática. Uma das propostas do parlamentar foi a implementação da campanha para sensibilizar e alertar a população sobre os malefícios do descarte irregular, que pode causar riscos para o meio ambiente e a saúde pública.
Ressoando a questão, com um retrato da cidade, a vereadora Maíara Felício (PT), ressaltou que a cidade está suja. “Esse debate é importante para demonstrar o quanto estamos preocupados como o estado da cidade. Andamos pelos bairros mais variados, como os rurais ou os mais próximos do centro urbano, o cenário é o mesmo em relação a quantidade de resíduos descartados indevidamente”, apontou.
Maíara também tocou no conceito de cidade imaginária que é passado para os turistas, na ótica de “pólis sustentável”, verde, um recanto na Região Serrana, contrapondo a cidade real que é vivida diariamente pelos munícipes, sem infraestrutura e planejamento prático para lidar com os problemas apontados. “Uma das coisas que mais me atravessam dentro do gabinete quando chegam os pedidos da população, é a questão das lixeiras alocadas pela cidade. Às vezes os moradores querem descartar os resíduos nos locais certos, mas não tem uma lixeira instalada na região. Além de outras falhas, como a coleta seletiva que não abrange toda localidade”, disse.
A parlamentar também apontou a urgência de se tratar o assunto frente ao projeto de ‘Gestão de Resíduos Sólidos’ do Executivo, que voltou a tramitar na Casa Legislativa, destacando que a estruturação do objeto poderá ser prejudicial para o solo do município e a sustentabilidade ambiental. “Esse projeto é uma bomba para a população friburguense e para o território. Não está previsto na ordem do mesmo, gerência sobre resíduos de construção civil e têxtil, que são os gargalos do município. Por isso é necessário ampliar a discussão”, enfatizou.
Representantes civis se manifestaram sobre o tema, indagando que a comunidade também precisa engajar na pauta social, além dos órgãos públicos, conforme relata a Presidente da Associação de Moradores de Rio Bonito, Valquíria Marzo. “Infelizmente o descarte regular do lixo não acontece só aqui na cidade, Rio Bonito tem sofrido bastante com isso, inclusive a entrada da localidade, várias pessoas jogam o lixo ali, é sofá, móveis antigos e outras coisas, o pior é que não é feito pela nossa comunidade, mas isso recai sobre nós”, relatou.
Valquíria tratou de outro ponto relevante que versa com a fala da vereadora Maíara sobre a falta de coleta seletiva. “Um problema muito sério que temos é que aumentou bastante o número de moradores e turistas, e a coleta seletiva acontece uma vez por semana sempre às quartas-feiras. E o que ocorre? Geralmente as pessoas vão embora domingo à noite ou na segunda-feira de manhã, quem tem caseiro é fácil, ele vai lá, recolhe o lixo na quarta-feira e põe. Só que a nossa realidade não é essa, muitas pessoas não têm esse funcionário pra pegar o lixo e colocar lá na caçamba. Na verdade, nem existe essa caçamba de lixo. Alguns sítios construíram o próprio cesto, na medida do possível, no improviso. Lixeirinhas a gente não tinha uma. Apesar de ser uma área de proteção ambiental, nunca teve esse olhar cuidadoso, então acho que está realmente na hora da gente zelar mais pelo Rio Bonito”, enfatizou.
Trazendo a temática de preservação, a representante falou sobre a gravidade do acúmulo de resíduos. “Aquele lixo que fica lá pegando chuva sabemos que tem toda uma poluição dos lençóis freáticos, que vai poluir a água, o solo, além de atrair a presença de ratos e animais peçonhentos. Cuidar do lixo é cuidar da saúde e do meio ambiente” afirmou.
Como expressado, jogar lixo incorretamente acarreta problemas maiores ligados à saúde pública e impacta diretamente o ambiente. Além de ser um dos possíveis focos de alagamento, escalonando os efeitos das chuvas em Nova Friburgo. Nesse sentido, o objetivo da audiência foi buscar soluções em conjunto com os representantes do Executivo, Sociedade civil, e outras instâncias, para mitigar os efeitos da prática. Uma das propostas foi a criação de um “0800” para que a caçamba possa passar e recolher entulhos e outros resíduos de forma ordenada.
Por Leandra Lima/Foto: divulgação