Por Sandra Brito
O Panteão Nacional, criado por Decreto de 26 de setembro de 1836, encontra-se instalado em Lisboa, próximo da região de Alfama, na zona histórica de Santa Clara.

Em 1682, iniciou-se no local a construção da Igreja de Santa Engrácia. As obras, no entanto, arrastaram-se no tempo, fazendo com que o edifício só fosse concluído no início dos anos 60, já no século 20.
A ordem para sua conclusão seguia a lei 1916, que determinava que a Igreja de Santa Engrácia fosse transformada em um Panteão Nacional.

Curiosamente, o maior símbolo do barroco português foi usado pelo Estado Novo como arma de propaganda: ao conseguir finalizar aquele tão demorado projeto, o governo demonstrava ser capaz de solucionar velhos problemas em um curto prazo de tempo. Graças aos interesses políticos, o Panteão de Lisboa foi finalmente inaugurado em 1966, em celebração ao quadragésimo aniversário do Estado Novo.

Detalhes da belíssima arquitetura barroca! Embora nunca chegasse a abrir ao culto, o Panteão conserva, sob a cúpula moderna e refinadamente elaborada, o espaço majestoso da nave, ainda mais encantadora pela decoração de mármores coloridos, característica da arquitetura barroca portuguesa.



O Panteão destina-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos e de serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade.

As honras do Panteão podem consistir na recolha dos restos mortais destes cidadãos ou na afixação de lápide alusiva à sua vida e à sua obra. Atualmente, o Panteão Nacional abriga alguns dos cenotáfios* de heróis da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique e Pedro Álvares Cabral.
Entre as personalidades que aí estão sepultadas, encontramos: Almeida Garrett (escritor); Amália Rodrigues (cantora de fado); Aquilino Ribeiro (escritor); Eusébio da Silva Ferreira (jogador de futebol); Guerra Junqueiro (escritor); João de Deus (escritor); Manuel de Arriaga (presidente da República); Óscar Carmona (presidente da República); Sidónio Pais (presidente da República); Teófilo Braga (presidente da República); Sophia de Mello Breyner Andresen (escritora).

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004) foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prêmio Camões, em 1998. O seu corpo está no Panteão Nacional desde 2014.
“Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.”
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Além de poder ser avistado de longe, o Panteão também possibilita uma visão privilegiada para o Rio Tejo.


De seu terraço, a vista dos edifícios brancos com telhados cor de terra parece não ter fim e oferece um panorama bastante peculiar da parte antiga da cidade.


Com 40 metros de altura, o local presenteia os visitantes com uma vista única sobre uma das sete colinas da capital portuguesa. Ponto imperdível de visitação em Lisboa, tanto pela história quanto pela fantástica vista! Até a próxima!



*(Túmulo honorário; sepulcro ou monumento fúnebre feito em memória de alguém cujo corpo não foi localizado, encontrado ou não se encontra ali sepultado).