“O concenso é a negação da liderança: o líder não cria o consenso ele segue o consenso”. Esta frase é de Margareth Tatcher ex-primeira ministra da Inglaterra.
Nela temos implícita toda a humildade possível a um líder.
A bem da verdade, nossos políticos quase nunca buscam o consenso, e o consenso só chega quando as alternativas não existem mais. Falta humildade. Uma guerra de queda de braços é o normal, e ceder está na cartilha, apenas na última página.
Por que comecei hoje com um conceito de consenso? Porque o projeto de lei da anistia aos acusados de golpe no 8 de janeiro, está empacado por falta de consenso.
O problema reside no fato de que, em acontecendo a anistia, cai por terra a narrativa de golpe, que só se sustenta na narrativa agressiva de uma minoria que dita o poder e que tem autoridade ( que eles se sentem com esta autoridade) para dar manutenção nesta esdrúxula situação.
A anistia, no entanto, deverá acontecer, talvez não nos moldes propostos inicialmente, com pouquíssimas restrições, mas passará com modificações palatáveis à esquerda ( com redução das penas), que não a quer.
Está difícil de se encontrar dentro do Congresso, um líder que mate esta bola (anistia ) no peito e lidere a busca por um consenso.
Estamos vivenciando bancadas com interesses de grupos ou de segmentos distintos, sempre patrimoniais, mas nenhuma com interesses institucionais, porque não dá votos. É obra embaixo da terra.
A preocupação maior neste atual momento no congresso, são as emendas financeiras e pelo que se observa, somente elas, representam valores absurdamente elevados e quase sempre mal destinados.
Temos uma presidência cuja base é gelatinosa: o Congresso sabedor desta falta de consistência para apoio aos interesses presidenciais e tendo apenas uma minoria favorável ao presidente , permite ( e até incentiva) essas emendas cancerígenas ao institucionalismo.
Temos hoje, cada vez mais patenteada, a sobreposição do patrimonialismo sobre o institucionalismo. Por este motivo, as questões de Estado perdem essência e importância.
Como disse acima o consenso com relação à anistia chegará quando esgotadas todas as alternativas e será inevitável.
*Advogado, Professor Universitário e Jornalista