Três dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro são beneficiados pela Lei de Incentivo ao Esporte
Confirmado como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, o Rio de Janeiro aposta no futuro da modalidade. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Esporte e Lazer, está investindo mais de R$ 17 milhões em projetos voltados ao futebol feminino, com recursos da Lei de Incentivo ao Esporte.
Desde 2019, todos os clubes que disputam a série A são obrigados a ter equipes femininas, mas nem sempre há verba para formar bons times. É nesse contexto que entra o investimento do Governo do Estado. Graças à Lei de Incentivo ao Esporte, três dos quatro maiores clubes cariocas – Flamengo, Vasco e Fluminense – conseguiram montar equipes competitivas para disputar os nove torneios previstos para esta temporada. Já o Botafogo, por ter um modelo de gestão SAF, que funciona como uma empresa, não se beneficia da lei.
O Vasco, por exemplo, que já foi referência no Brasil, tendo Marta como jogadora, chegou a cair para a série A3 do Brasileiro e com um investimento de mais de R$ 6 milhões do governo estadual conseguiu subir para a A2 como campeão. O Flamengo tem hoje um dos melhores elencos do Brasil, também com apoio da Lei de Incentivo. Os valores obtidos por meio dela chegam a R$ 9 milhões. Já o Fluminense conseguiu se manter na série A1 do Brasileiro com quase R$ 2 milhões em recursos.
– Receber uma das competições mais prestigiadas do esporte, como a Copa do Mundo de Futebol Feminino, é um marco para o nosso estado. O esporte é uma poderosa ferramenta de inclusão social e desenvolvimento humano, e por meio da Lei de Incentivo ao Esporte conseguimos transformar vidas. No caso do futebol feminino, estamos apoiando atletas que podem desenvolver seus talentos e ajudando o Rio de Janeiro a se consolidar como referência no cenário esportivo nacional e internacional – declarou o governador Cláudio Castro.
A 10ª edição do Mundial acontecerá no Brasil, entre os dias 24 de junho e 25 de julho de 2027. Será a primeira vez que um país da América do Sul receberá o torneio. Além do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo vão receber partidas do Mundial.
– O interesse no futebol feminino cresce a cada ano, inclusive nas categorias de base. Investir na modalidade não é apenas positivo para o desenvolvimento dessas atletas, mas também uma estratégia de valorização do esporte, que pode ultrapassar as barreiras nacionais. Sediar a Copa do Mundo de 2027 torna esse investimento ainda mais importante – destacou o secretário de Estado de Esporte e Lazer, Rafael Picciani.
Driblando preconceitos em busca de um sonho
No Rio de Janeiro, o apoio da Lei de Incentivo ao Esporte vem possibilitando que jogadoras como Maria Vitória Soares Silva, de 26 anos, realizem o sonho de ser atleta profissional. Nascida em Santa Cruz de Cabrália, no Sul da Bahia, Maria é do time feminino do Vasco da Gama e mudou-se para o Rio para treinar. Até conquistar sua vaga, enfrentou muitos obstáculos, principalmente financeiros.
– As maiores dificuldades que eu tive durante minha carreira foram a falta de incentivo e de apoio. Aos 17 anos, comecei a jogar futebol no São Francisco do Conde Esporte Clube, mas enfrentei falta de apoio financeiro. No Rio de Janeiro, estou na minha melhor fase. Jogo num dos melhores clubes, com uma estrutura enorme. Recebemos todo o suporte que a gente precisa para poder jogar o melhor futebol. Com certeza, esse apoio que o governo nos dá ajuda muito. Fica mais fácil desenvolver nosso futebol com todo o apoio e patrocínio – comenta Maria Vitória, que descobriu a paixão pela bola ainda criança, jogando futsal.
Há seis anos na equipe de futebol feminino do Flamengo, Mariana Fernandes, de 20 anos, torce para que a profissionalização – e valorização – seja uma realidade cada vez mais possível para as novas gerações de atletas. Quando quis começar a jogar bola, aos 6 anos, ela teve que entrar em uma turma só de meninos, já que não encontrou aulas só para meninas.
– Sofri preconceito, as pessoas não compreendiam. Aos poucos, quando fui crescendo, encontrei outras meninas que também gostavam de futebol. Quando era mais nova, sonhava conseguir uma bolsa de estudos através do futebol para poder jogar e estudar. Depois que fui federada aqui no Flamengo comecei a ver que podia ser uma profissão. Convivi com muitas meninas que vieram de projetos de comunidade e ter hoje uma lei que apoia nossa modalidade, permitindo que cada vez mais crianças e jovens possam sonhar e viver do esporte, é maravilhoso – afirmou Mariana, que começou a jogar em um clube com 14 anos em Niterói.
Para a goleira do Fluminense Cláudia Luana de Oliveira, 22 anos, o Brasil ter sido escolhido para sediar a Copa de Futebol Feminino é um reconhecimento pelos anos de dedicação das atletas do país.
– O Rio ser sede da Copa do Mundo diz muito sobre a luta que nós, atletas, tivemos durante esses anos. Principalmente das atletas mais velhas que sofreram mais, porque hoje em dia temos condições melhores, salários bons, que sustentam nossas famílias, e conseguimos viver do esporte hoje. Mas antigamente não era assim, as meninas jogavam e tinham que trabalhar para se sustentar – recorda.