A hipertensão, a famosa “pressão alta” é silenciosa. Não provoca dor, tontura, mal-estar, muitas vezes nada. Mas, por trás dessa calmaria, esconde-se uma das principais causas de infarto, AVC e morte precoce no Brasil e no mundo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Organização Mundial da Saúde, cerca de 30% dos adultos no Brasil sofrem de hipertensão – e apenas 40% têm consciência disso. Diariamente, cerca de 388 brasileiros perdem a vida por causas relacionadas à pressão alta. No Sul do país, esse número chega a atingir mais de 36% da população adulta.
Esses dados revelam um perigo invisível. A hipertensão crônica sobrecarrega o coração, endurece as artérias, lesa rins e vasos cerebrais. Os danos se acumulam durante anos, até aparecerem de forma drástica e, muitas vezes, irreversível. Às vezes, o primeiro e último sintoma é o infarto ou o derrame.
A única forma de detecção? Aferir a pressão arterial. Inclusive para adultos jovens: o Ministério da Saúde indica medição anual a partir dos 20 anos, ou até semestral para quem tem histórico familiar. Mas apenas medir não basta – é preciso medir corretamente. Ambiente calmo, braço na altura do coração, repouso de 3–5 minutos, manguito adequado, seguir técnica padronizada. Cuidados essenciais para evitar diagnósticos falsos.
A detecção precoce é a peça-chave: assim podemos intervir. Estilo de vida saudável – alimentação com pouco sal, atividade física, controle do peso, combate ao tabagismo – e, quando necessário, medicação, fazem toda a diferença. Dados mostram que controlar a pressão reduz em até 40% o risco de AVC e em até 25% o risco de infarto. Além disso, novas diretrizes, alinhadas às recomendações internacionais, trouxeram uma leitura ainda mais rigorosa: já consideram elevado valores a partir de 120–139 (sistólica) e 70–89 (diastólica), o que amplia o diagnóstico precoce.
Por isso, faço três alertas: A pressão alta é silenciosa, mas mortal. Todo mundo pode tê-la sem saber; A aferição regular, técnica e correta, pode salvar vidas; Quem for diagnosticado, mesmo sem sintomas, deve procurar um cardiologista e seguir o plano de cuidados. Cuide-se e viva mais.