O adiamento da assinatura do contrato da nova concessão da BR-040, que estava previsto para o dia 15 de agosto e foi prorrogado para o final de setembro, acendeu o alerta do Movimento Empresarial Petrópolis 2030. Formado por 30 entidades da sociedade civil e do setor produtivo da cidade, o grupo considera a conclusão da nova pista de subida da Serra uma prioridade inadiável para o desenvolvimento econômico da região — e teme que o atraso sinalize o início de mais um ciclo de promessas não cumpridas. O adiamento pedido pelo vencedor do leilão, consórcio Nova Estrada Real, foi aceito pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANNT) responsável pelas concessõesfederais do setor. Assim, a efetiva operação da nova empresa pode ocorrer somente em outubro. Até lá, a Concer permanece gerindo a rodovia.
A preocupação do movimento é respaldada por um histórico recente de omissões na antiga concessão. A Concer, empresa responsável pela rodovia entre 1996 e 2023 ( e que continua na gestão da rodovia por decisão judicial até agora), não entregou a principal obra prevista no contrato: a nova subida da serra, cuja conclusão deveria ter ocorrido em 2013. Os vários pontos de obras, abandonados há anos, inclusive um túnel perfurado e sem conclusão, se tornaram um símbolo do descaso com Petrópolis.
“Esse adiamento traz um sinal preocupante. Precisamos garantir que o novo contrato comece com compromisso, diálogo e transparência. A nova subida da serra é uma demanda histórica e estratégica. Não pode mais esperar”, afirma Claudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrópolis e coordenador do movimento Petrópolis 2030.
O trecho da BR-040 entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro foi arrematado pelo Consórcio Nova Real, que venceu o leilão, em abril, com proposta de desconto de 14% sobre a tarifa básica. O contrato prevê investimentos de R$ 5,1 bilhões em obras e outros R$ 3,7 bilhões em custos operacionais ao longo de 30 anos. No entanto, a assinatura foi adiada a pedido da empresa, que alegou necessidade de mais tempo para cumprir etapas preliminares do processo. A nova previsão é que o contrato seja formalizado até o dia 29 de setembro, com início da operação em outubro.
O Movimento Petrópolis 2030 defende a criação imediata de um canal de articulação entre a nova concessionária, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o poder público em todas as esferas e a sociedade civil. A proposta é pactuar prazos, cronogramas e compromissos com cláusulas de acompanhamento e fiscalização.
“Queremos virar a página do abandono. A nova concessão precisa ser um novo começo — e o movimento está pronto para acompanhar de perto. Petrópolis não pode mais ser tratada com indiferença”, diz Mohammad.
A BR-040 é considerada um eixo vital para a economia local. Além de dar acesso aos mais de dois milhões de turistas que visitam a cidade anualmente, é por ela que circulam os produtos de mais de 270 indústrias petropolitanas e transitam diariamente cerca de 10 mil moradores rumo à Região Metropolitana do Rio.
Para o movimento, a nova concessão precisa ser conduzida com responsabilidade e vigilância desde os primeiros passos. “Não se trata apenas de uma rodovia. Trata-se do futuro da nossa cidade”, aponta Mohammad.