Aqui vai um bom motivo para você dar asas para aquela preguiça matinal: dormir bem é cuidar do coração. Isso mesmo: dormir mal é um risco real para a nossa saúde cardíaca. Cada vez mais, sabemos que a qualidade e a regularidade do sono influenciam diretamente a pressão arterial, moldando o cenário cardiovascular a curto e longo prazo.
O sono saudável permite que nossa pressão arterial diminua naturalmente durante a noite — é o chamado “dip noturno”, que relaxa o sistema cardiovascular. Mas quem dorme pouco, mal ou de forma irregular perde esse efeito restaurador. O resultado: pressão que não cai, resposta crônica ao estresse e maior risco de hipertensão. Estudos mostram que dormir menos de sete horas por noite aumenta em até 7% o risco de desenvolver hipertensão no futuro e esse risco ultrapassa 11% quando o tempo de sono é inferior a cinco horas.
Não basta contar horas: dormir irregularmente, com horários inconsistentes, também aumenta os riscos cardíacos. Uma grande pesquisa mostrou que horários de sono variáveis elevam em 26% o risco de ataque cardíaco ou AVC, mesmo em quem dorme 7 ou 8 horas. Já a “recuperação” nos finais de semana não compensa o impacto negativo da irregularidade durante a semana.
A síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) é reconhecida como a principal causa identificável de hipertensão arterial secundária, casos que não têm base genética conhecida. Um estudo brasileiro mostrou que pacientes com pior tolerância ao exame de monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) apresentavam sono altamente fragmentado, o que prejudicava o chamado “dip noturno” — o declínio esperado na pressão arterial durante o sono — resultando em valores elevados durante toda a noite. Além disso, a interrupção das fases profundas (NREM3 e REM) significa que o sistema nervoso autônomo permanece ativado, mantendo níveis elevados de cortisol e contribuindo para a elevação da pressão arterial.
Quando o sono é insuficiente ou ruim, ativamos o sistema nervoso simpático, há aumento de cortisol e inflamação sistêmica. Esse ambiente propõe aterosclerose, rigidez vascular, maior pressão média e risco ampliado de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
Dormir regularmente de 7 a 9 horas por noite, manter horários constantes e tratar distúrbios do sono. Esse padrão reduz significativamente o risco arterial e mantém a pressão controlada, além de preservar o ritmo circadiano e diminuir inflamações. Se você tem dificuldade para melhorar o seu sono, seguem algumas dicas: crie uma rotina de sono constante, reduza (ou corte) a utilização de telas à noite, tenha uma dieta equilibrada e faça atividades físicas regulares.
Dormir bem não é luxo: é saúde. Uma noite de sono restaurador fortalece o coração, regula a pressão arterial e reduz inflamação e estresse crônico. Ignorar a importância de um sono de qualidade é deixar o corpo vulnerável à hipertensão e suas consequências.
Durma bem hoje — viva mais e com mais saúde amanhã.