O sistema de transporte público de Petrópolis é alvo de constantes denúncias pela qualidade oferecida aos usuários, deixando clara a necessidade de melhorias. Nesse sentido, a Companhia de Trânsito e Transporte (Cptrans) organizou um plano de contingência que prevê a licitação para contratação de uma nova empresa para atuar na região no primeiro semestre de 2026. A assinatura dos contratos também está marcada para o próximo ano.
Apesar da iniciativa, os trâmites da licitação eram para ocorrer ainda em 2025, como prometido pela atual gestão. Porém, a situação herdada do governo de Rubens Bomtempo, que retirou de circulação as linhas operadas pelas empresas Cascatinha e Petro Ita por conta das irregularidades cometidas na prestação dos serviços, colocando para atuar de forma emergencial as empresas Transporte São Luiz (Cidade das Hortênsias), Expresso Brasileiro Transportes Ltda (Cidade Real) e TURP – Transporte Urbano de Petrópolis Ltda, prolongou o problema, já que não houve uma estruturação efetiva do transporte. A maior parte dos contratos emergenciais venceu neste ano.
O Executivo havia instaurado uma Comissão Especial de Licitação, através do Decreto n.º 652 de 17 de outubro de 2023, para elaborar e acompanhar o processo licitatório que iria definir a empresa a assumir as linhas que eram operadas pela Cascatinha. A Comissão deveria ter concluído em 2024 o processo, no entanto, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontar possíveis irregularidades no edital, até o final da gestão do ex-prefeito o documento não foi publicado.
Planejamento
Devido a esse cenário, a Prefeitura, por meio da Cptrans, lançou na última semana o plano de contingência, justificando que o sistema que circula na cidade é ineficiente e não atende com qualidade às necessidades dos petropolitanos. Destacou ainda o valor da tarifa, considerada cara e insuficiente para manter o sistema.
Nesse projeto, além da licitação prevista para 2026, são abordadas outras questões como o sistema de bilhetagem, modernização dos coletivos, regularidade contratual, gargalos nas linhas e interligação de terminais urbanos.
Segundo o estudo, a implementação de bilhetagem eletrônica pública, uma nova configuração que coloca a administração municipal no controle, permitindo mais agilidade e melhor fiscalização das arrecadações, já teve início e deve circular ainda este ano.
A medida já foi adotada no Rio de Janeiro, que transacionou do Rio Card para o “JAE”, tendência seguida pelo município vizinho, Nova Friburgo, que também deixou o Rio Card e instaurou o “Partiu”.
Criação de faixas exclusivas
Outro ponto tratado no documento é a fluidez do trânsito e a diminuição do tempo de espera dos passageiros, com a possível criação de faixas exclusivas para os ônibus. Esse processo envolve: implantação de faixas em trechos críticos, especialmente nos acessos ao Centro Histórico, Bingen, Alto da Serra e Corrêas; redução de conflitos viários em cruzamentos com semáforos inteligentes; priorização semafórica para o transporte coletivo e outras ações.
Reformas dos postos rodoviários também estão entre as metas, já que o estudo entende que as estações desempenham papel estratégico. Os principais pontos a serem tratados são: a requalificação das principais estações existentes — Pedro do Rio, Posse, Itaipava, Corrêas, Cascatinha e Alto da Serra — com ações que visam reformas estruturais e adequações de segurança; instalação de sistemas de informação, acessibilidade e integração com bilhetagem pública; concessão parcial para exploração comercial de lanchonetes, banheiros e bancas, com contrapartidas em manutenção, entre outros projetos.
Além dos tópicos mencionados, o planejamento busca trazer mais transparência e, com a criação do Centro de Controle Operacional (CCO), será possível regular os serviços prestados.
Conforme a Cptrans, a execução do plano será marcada numa janela de quatro anos — 2025/2028 — com marcos semestrais. O cronograma busca uma transição lógica e tranquila entre o modelo atual e o novo proposto, para que não haja interrupção ou danos aos serviços.
Respostas
Devido ao fato de os contratos emergenciais das empresas de ônibus chegarem ao fim, e mesmo assim os serviços continuam sendo regulados sem um contrato vigente, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura e o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranpetro), mas não obteve resposta até o fim desta edição.