Nesta semana, Petrópolis recebeu a notícia do falecimento de Wilma Borsato, ex-vereadora, líder comunitária e cultural e defensora da preservação do manancial Alcobaça, um dos principais recursos hídricos do município. Wilma morreu, aos 90 anos, na última quarta-feira, 1º de outubro, de falência múltipla dos órgãos, em decorrência da idade avançada. A figura dela era muito respeitada na cidade, devido ao fato que a Prefeitura Municipal decretou três dias de luto oficial.
Nascida em 1935, Wilma Borsato Costa, passou a vida instalada na localidade Cascatinha, região de forte presença de famílias de origem italiana. O sobrenome Borsato é de imigrantes italianos que marcaram presença na Região Serrana, por esse motivo, é identificado como representante dessa herança cultural.
Vida política
Wilma atuou como parlamentar no município entre 1993 a 1996, sendo a segunda mulher a ocupar uma cadeira no legislativo, durante um período em que a representatividade feminina era bem menor. Até hoje esse cenário é majoritariamente dominado por homens, atualmente há três mulheres dentro da Câmara Municipal de Petrópolis.
Como vereadora, atuou com Indicações e projetos voltados a melhorias de serviços públicos do município, como infraestrutura urbana e apoio a associações de moradores. Devido às fortes raízes italianas, Borsato também criou propostas relacionadas à cultura e memória coletiva, reforçando a importância da preservação de tradições locais, especialmente no Cascatinha.
Luta
Um dos maiores legados da ativista, é a luta em defesa dos recursos naturais, em especial os mananciais do Alcobaça, recurso hídrico que está entre os principais para o abastecimento de água em Petrópolis. Em decorrência, ajudou na criação da “Associação de Defesa dos Mananciais do Alcobaça”.
Após saída da Câmara dos Vereadores, Wilma continuou atuante na localidade na qual cresceu, tendo um papel importante na criação e manutenção do centro cultural aberto na antiga estação ferroviária do Cascatinha, datada em 1884. O equipamento, que preserva a memória histórica, recebeu seu nome: “Centro Cultural Wilma Borsato”.
Partida
Wilma Borsato deixou duas filhas e dois netos. Entre eles, o historiador Pedro Henry Cross, que falou ao Correio Petropolitano sobre a avó. “Minha avó foi uma pessoa boa, afetuosa, firme e combativa. Apaixonada por Cascatinha, dedicou a vida à família, à defesa da memória do bairro e a sua preservação. Deixa um legado de honestidade e carinho por essa cidade”, expressou.
A Casa d’Italia Anita Garibaldi de Petrópolis, também manifestou nas redes sociais, o profundo pesar pelo falecimento de Wilma. Na nota, a entidade destacou os feitos da ativista. “Sua liderança foi reconhecida na mobilização da comunidade de Cascatinha, onde viveu toda a vida, especialmente na defesa dos recursos hídricos e na luta pela preservação ambiental. Entre suas maiores contribuições está a atuação decisiva na criação e consolidação da Associação de Defesa dos Mananciais do Alcobaça, tornando-se referência na proteção ambiental e no diálogo com o poder público”.
Ainda conforme a nota, em 2024, o curso gratuito de Italiano do ABC D’Italia, em Cascatinha, fez uma homenagem à Wilma, nomeando a turma em sua honra. “Sua ausência será profundamente sentida por todos os que conviveram com sua dedicação à vida pública, à comunidade, à cultura e à valorização das raízes italianas, em especial pela contribuição à tradicional Festa da Itália em Petrópolis”…”Seu legado permanecerá vivo, inspirando futuras gerações”, finalizou a nota da Casa d’Italia, movimento de preservação da cultura.
