O Ministério da Saúde comprou, junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2.500 doses do fomepizol, o antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol. A distribuição para os estados começou ontem (9), com prioridade para São Paulo, que concentra a maioria dos casos.
O fomepizol deverá ser administrado exclusivamente sob supervisão médica, sendo recomendado para pacientes que apresentem sintomas clínicos após a ingestão de destilados (em um período de 6 a 72 horas) e que, adicionalmente, registrem alterações em dois exames laboratoriais.
Porém, além do medicamento, o SUS vai continuar usando o etanol como antídoto. Embora ambos visem o mesmo objetivo de tratamento, os mecanismos de ação e eficácia das substâncias são diferentes.
O etanol, álcool presente em bebidas alcoólicas comuns como cerveja e vinho, funciona como uma medida de contenção. Quando um paciente intoxicado por metanol recebe etanol em ambiente hospitalar, o fígado passa a priorizar a metabolização do etanol.
Isso faz com que o metanol fique “em espera”, retardando sua conversão nas substâncias tóxicas que causam os danos mais graves, como o formaldeído e o ácido fórmico. Essa tática “ganha tempo” para que o corpo possa eliminar o metanol pela urina e para que outros tratamentos, como a hemodiálise, sejam realizados.
Já o fomepizol é o antídoto de primeira linha e mais eficaz. Diferentemente do etanol, que apenas “distrai” o fígado, o fomepizol age de forma direta, bloqueando a enzima responsável por transformar o metanol em seus compostos tóxicos.
Ao impedir essa conversão, o fomepizol impede a formação do ácido fórmico, a substância que ataca o nervo óptico e o sistema nervoso. Por sua ação direta e maior segurança, é considerado o tratamento ideal.
Em suma, enquanto o etanol retarda o envenenamento, o fomepizol o impede ativamente, representando a terapia mais avançada e segura contra a intoxicação por metanol.