Favela é potência e lugar de dignidade. Essa ideia é reforçada pelo “CEP Para Todos”, uma medida da União, coordenada pelo Ministério das Cidades (MCID). O projeto, anunciado na última semana, garante que todas as favelas brasileiras passem a ter um código de endereçamento postal (CEP), incluindo as comunidades da Região Serrana: Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis.
Esse processo de reconhecimento postal facilita e corrobora o acesso aos direitos básicos dos moradores. Segundo Jader Filho, ministro das Cidades, a ação possibilita dar dignidade às pessoas que estão nas periferias e que não tinham acesso ao básico. “Como levar seus filhos a um posto de saúde próximo de casa, por exemplo”, disse.
Regiões contempladas
Esse cenário vai beneficiar cerca de 42 favelas em Petrópolis, que ao todo englobam 15,43% da população da cidade, sendo 43.025 petropolitanos. Já em Nova Friburgo, serão 7 favelas contempladas, o que representa 3,12% da população friburguense, ou 5.930 residentes. Em Teresópolis, as 49 favelas da região correspondem a 31,11% dos munícipes, aproximadamente 51.370 pessoas. Os dados destacados são do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Projeto
O projeto é um produto desenvolvido pela parceria entre o MCID, por meio da Secretaria Nacional de Periferias, o Ministério das Comunicações, os Correios e o IBGE. A iniciativa foi lançada em novembro de 2024 dentro do Programa Periferia Viva, que prevê melhorias nas periferias por meio da infraestrutura.
De acordo com o Ministério das Cidades, a previsão inicial é garantir pelo menos um CEP em todas as favelas brasileiras até o final de 2026. Na segunda etapa, o trabalho será o de levantamento interno, dentro das comunidades, para mapeamento de ruas, vielas e becos, de modo a possibilitar que cada logradouro tenha seu próprio CEP.
Esse trabalho de mapeamento vem sendo implementado para dar mais visibilidade às comunidades, como, por exemplo, o levantamento organizado pelo Data Favela em conjunto com a Central Única de Favelas (Cufa) e a Favela Holding, que realizaram a maior pesquisa dos territórios periféricos, ribeirinhos e quilombolas, em todo o Brasil, no início de julho de 2025.
Visibilidade e amplificação de vozes foram alguns dos objetivos da coleta de dados, que quebra os estigmas criados ao redor da palavra “favela”, vinda de raízes preconceituosas e discriminatórias, que se manifestam na precarização dos serviços básicos e na falta de incentivos dentro dessas comunidades.
A pesquisa, que percorreu todo o Estado do Rio de Janeiro, contemplou Petrópolis e foi considerada uma conquista, que fez cair as vendas dos que só enxergam as fantasias e os estigmas da “Cidade Imperial”.
Roberta Silva, moradora do Neylor, comunidade localizada em solo petropolitano, ativista social e representante da Cufa na cidade, destacou na época que a iniciativa foi uma consequência do “Favela no Mapa”, construído pelo Data Favela e pela Cufa, que demarcou as regiões.
Próximos passos
Como última etapa, o “Toda Favela tem CEP” quer garantir atendimento físico de postos dos Correios nas periferias mapeadas em todo o território brasileiro.