Petrópolis está realizando um grande evento voltado ao meio ambiente. O Encontro de Restauração Ecológica da Mata Atlântica foi aberto na manhã desta quarta-feira (22/10), na Granja Brasil, e se estende até o dia 24 de outubro. Especialistas e representantes de instituições ambientais marcaram presença na abertura, ao lado do prefeito Hingo Hammes, da promotora Zilda Januzzi e de professores e pesquisadores de órgãos municipais, estaduais e federais. Idealizado pela Secretaria de Meio Ambiente, em parceria com a APA-Petrópolis (ICMBio) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o evento reúne profissionais e estudantes para discutir desafios e soluções sustentáveis relacionadas à restauração ecológica na Região Serrana.
Na abertura, o prefeito Hingo Hammes destacou a importância de Petrópolis sediar um encontro dessa dimensão, totalmente dedicado à pauta ambiental. Ele ressaltou o engajamento dos participantes e citou o reflorestamento em andamento na Comunidade da Oficina, no Alto da Serra, área atingida pela tragédia de 2022, como exemplo de um projeto que alia recuperação ambiental e social. O prefeito também reforçou o compromisso do município com políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à prevenção de desastres naturais.
“A pauta ambiental é transversal e envolve diferentes setores. Este encontro é um exemplo de como o trabalho conjunto pode gerar resultados duradouros. Quero destacar dois pontos importantes: o primeiro é o mapeamento e monitoramento das áreas de reflorestamento e compensação ambiental, que agora passam a ser acompanhadas com muito mais precisão e transparência. O segundo é o trabalho de reflorestamento que estamos realizando no Alto da Serra, transformando um local de dor em uma referência de recuperação ambiental e segurança, impedindo novas ocupações irregulares”, afirmou o prefeito Hingo Hammes.
Durante o primeiro dia, o evento reuniu profissionais de diferentes áreas para uma série de palestras e mesas-redondas. Entre os temas abordados estiveram estratégias de mitigação e recuperação de áreas sensíveis, a importância do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) e o panorama das pesquisas científicas no estado do Rio de Janeiro. À tarde, o público acompanhou ainda o início do Encontro de Pesquisadores da APA Petrópolis – ICMBio, que ocorre dentro da programação.
“Petrópolis possui nove unidades de conservação. Quando olhamos o território, vemos áreas protegidas por todos os lados, e é justamente por isso que o nosso desenvolvimento precisa acontecer de forma responsável, equilibrando preservação e progresso. A educação ambiental é uma das nossas prioridades e deve alcançar também o ensino superior, para que os futuros profissionais tenham uma visão prática da importância dessas ações”, destacou o secretário de Meio Ambiente, Pedro Alcântara.
O Inea participa do Encontro de Restauração Ecológica da Mata Atlântica por meio das unidades de Conservação: Reserva Biológica Estadual de Araras (ReBio Araras), Monumento Natural Estadual da Serra da Maria Comprida (MONASMC) e Refúgio de Vida Silvestre Estadual da Serra da Estrela (REVISEST).
“Acredito que quando somamos competências e trabalhamos de forma integrada, conseguimos alcançar resultados muito maiores. Estamos aqui reunidos, cada um com sua experiência e seu conhecimento, e quando unimos essas forças em prol de um objetivo comum — o reflorestamento e a recuperação ambiental —, todos nós ganhamos. O primeiro passo é sermos multiplicadores do que acreditamos, começando dentro de nossas casas e bairros. Assim, contribuímos não apenas com o governo, mas com a nossa própria qualidade de vida”, afirmou o assessor especial da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Dalmir Caetano.
Representando a APA Petrópolis – ICMBio, Carolina Melo destacou o papel da integração entre as instituições na proteção da biodiversidade local e no fortalecimento das políticas públicas ambientais. “Este encontro representa um marco para a cidade e para todos que atuam na preservação da Mata Atlântica. A restauração ecológica é uma tarefa que exige conhecimento técnico, mas também sensibilidade e cooperação entre os diferentes órgãos. Trabalhar juntos é o caminho para garantir que as próximas gerações possam viver em equilíbrio com a natureza”, disse Carolina Melo.
Conhecimento científico e gestão pública unidos na prevenção de desastres
A programação do Encontro de Restauração Ecológica da Mata Atlântica começou com uma palestra do professor Antônio Guerra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apresentou o tema “Movimentos de massa e inundações nas últimas quatro décadas em Petrópolis – causas e consequências”. Considerado uma das maiores referências nacionais em geomorfologia, o pesquisador destacou os impactos das transformações urbanas e climáticas sobre o relevo petropolitano e as medidas necessárias para reduzir a vulnerabilidade das encostas.
A palestra abriu espaço para uma mesa-redonda sobre estratégias de mitigação e recuperação de áreas sensíveis, que contou com a participação de técnicos da Defesa Civil e da Secretaria de Meio Ambiente. O debate reforçou a importância da integração entre o conhecimento científico e as ações de gestão pública na formulação de políticas preventivas e na recuperação de áreas degradadas, especialmente em municípios de relevo acidentado como Petrópolis.
Programação:
23 de outubro (quinta-feira)
- Palestra do professor Vinicius Farjalla (UFRJ)
- Mesa Redonda “Governança e políticas públicas para restauração” – Pedro Pereira (secretário de Meio Ambiente), Guilherme Moraes (secretário de Proteção e Defesa Civil), Victor Valente (chefe da APA Petrópolis – ICMBio) e Fernanda Ferreira (presidente da Comdep) – Mediação: Juliana Barreto (Secretaria de Meio Ambiente)
- Palestra “Potencial do Cadastro Ambiental Rural para a Restauração Florestal” – Luana Bianquini (Inea)
- Mesa Redonda “Cadeia de Produção de Mudas” – Marina Figueira (Promudas RJ) e Iara Borges – Mediação: Mateus Teva (Inea)
- Palestra “Integração de Drones e Fitossociologia na Avaliação da Reabilitação de Minas de Bauxita” – professor Doutor Welington Kiffer (UFF)
- Mesa Redonda “Agroecologia como ferramenta para restauração” – Mateus Salim (EBNT/JBRJ), doutora Gabriela Oda (Fiocruz Mata Atlântica), Alan Nagel (zootecnista e produtor rural) e Cainã Hutter (Inea) – Mediação: Leonardo Faver (Emater RJ – Petrópolis)
24 de outubro (sexta-feira)
- Palestra “Restauração Ecológica” – professor André Zaú (UNIRIO)
- Mesa Redonda “Restauração no Estado do Rio de Janeiro – Exemplos a serem seguidos” – professor Doutor Richieri Sartori (PUC-Rio), professor doutor André Zaú (UniRio) e professora doutora Erika Cortines (UFRRJ – Três Rios) – Mediação: Arthur Justen (Secretaria de Meio Ambiente)
- Mesa Redonda “Estratégias para captação de recursos e investimentos na cadeia de restauração no estado do Rio de Janeiro” – Viviane Figueiredo (Conservação Internacional), Pedro Seibel (REFO) e Luciana Fusinatto (REGUA) – Mediação: Julia Horta (Secretaria de Meio Ambiente)
- Palestra “Potencialidade da flora endêmica e ameaçada de Petrópolis para o aumento da diversidade na restauração ecológica” – Msc. Ângelo Corrêa
- Palestra “BANPAR e Restauração Florestal na bacia do rio Cuiabá” – Flávio Valente (Inea/RJ)
- Encerramento