Festival valoriza artistas petropolitanos que mostram que a música vem do coração
Por Leandra Lima
Há certas coisas na vida que nascem naturalmente dentro de um indivíduo, como um “dom”, um estímulo que se desenvolve na forma mais pura e orgânica, tomando como exemplo o canto dos pássaros que entoam os mais belos sons na natureza. É com esse espírito que a música se apresentou na vida das irmãs Tainara Claudino, de 26 anos e Dandara Claudino, de 24 anos, dupla que vai realizar o primeiro show como “Duo Tiedye”, no Palco Coreto do festival Rock The Mountain (RTM), que abraça a riqueza cultural que define a cena musical de Petrópolis, nos dois sábados do evento, dias 1 e 8 de novembro às 14h.
O RTM será realizado no Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes, no distrito de Itaipava, respeitando a singularidade de cada arte. Neste aspecto, os artistas petropolitanos que se apresentam no palco Coreto, um legado deixado pelo festival, ressaltam a importância do movimento, que traz grande visibilidade para o setor, acentuando que a produção não apenas destaca o talento local, mas também abraça a riqueza cultural que define a cena musical da região. Esse ano o evento acontece durante dois finais de semana: nos dias 31 de outubro a 2 de novembro; e 7 a 9 de novembro.
Oportunidade
Para o duo, é muito importante a visibilidade no espaço como o festival que recebe inúmeras pessoas de todos lugares do Brasil e até do mundo com as atrações internacionais, pois na modalidade do Coreto quem está começando tem a mesma oportunidade de um artista grande que já está consolidado.
“É muito legal essa chance que o Rock The Mountain deu de agora literalmente concretizar o palco com os artistas aqui do município, porque a gente sabe o quanto é difícil a cidade apoiar a arte local. Então, é uma janela enorme, é uma visibilidade gigantesca levar o melhor daqui para fora, porque por mais que seja clichê falar isso, Petrópolis é berço de artista”, expressou Tainara. “Eu concordo que o que a Maninha disse é realmente muito interessante, essa iniciativa que o festival teve e essa proposta que o Coreto iniciou. E realmente eles estão conseguindo crescer muito com isso, dando espaço para quem está começando. Porque o produtor do Coreto falou comigo, assim que ele chamou a gente, que vai ser a primeira edição que eles vão estar trazendo artistas que não têm um repertório 100% autoral. Sabemos que quando a gente começa a cantar é difícil termos nossas musiquinhas, o processo criativo não é tão avançado”, ressoou Dandara.
Duo Tiedye
A música é capaz de captar uma gama de sentimentos e traços culturais, produzidos por meio de vozes e instrumentos e a dupla carrega consigo essa junção de cores, estilos e misturas. Inicialmente as irmãs fizeram uma única apresentação sozinhas na Festa da Consciência Negra – a UBUNTU – em Petrópolis. “Nós pensamos: vamos fazer nesse formato, nós duas, até então, sem nome nenhum, nem nada. Fizemos e parece que foi o que deu o pontapé inicial para começarmos. Isso aumentou ainda mais essa vontade de lançar um trabalho só nosso”, disse Tainara.
As cantoras expressaram que a proposta do Coreto impulsionou a criação do nome do grupo que nasceu de uma junção de nomes e estilos. “Pensamos nessa brincadeira com o nosso nome, Tai e Dai. E depois, de criar o “Duo Tiedye” pesquisando o significado e vimos que é uma junção de cores, é uma mistura de tudo. E isso diz muito sobre o nosso trabalho, pois cantamos de tudo que é tipo de música, tocamos vários tipos de instrumentos. Não gostamos de nós prender em uma coisa só”, enfatizou Dandara.
Legado
A música e a arte sempre estiveram presentes na vida das meninas. A mãe, Isabel Cristina Claudino, conhecida artisticamente como Bel, é uma cantora reconhecida pela voz potente, e pela versatilidade que trazia nos palcos. A trajetória da matriarca se esbarra com o início do contato com a musicalidade das filhas.
“A minha mãe era cantora, ela começou também cantando na igreja, e depois começou a cantar em bares, fazer eventos, isso que a gente faz hoje em dia, e foi assim que ela nos criou. Ela, durante o dia, costurava e à noite ela saía para cantar e tal, então sempre incentivou muito. Quando a gente decidiu começar a trabalhar com arte, nunca teve aquela coisa de – aí, nossa, mas não é um trabalho muito estável-, nunca teve isso, sempre foi o apoio”, enfatizou tainara.
As irmãs começaram ainda criança no coral da igreja e depois se apaixonaram pelo violino, outra marca delas, onde carregam o instrumento consigo. “Começamos pequenininhas cantando no coro da igreja, a maioria dos artistas inicia assim. Aí com o violino foi paixão à primeira vista, nossa irmã mais velha, Naiara Claudino, começou a tocar logo após nós também ingressamos”, contou Tainara.
O canto veio de forma orgânica para Dandara e Tainara. Cada uma possui uma característica vocal e carregam uma potência, assim como a mãe. Uma curiosidade é que elas nunca fizeram aula de canto, refletindo tudo que absorveram de Bel. “Nós nunca fizemos aula de canto, fomos 100% espelhadas pela minha mãe e aí começou naturalmente. As oportunidades de cantar foram surgindo e aí a gente foi indo, por mais que tímidas hoje em dia ainda é muito mais tranquilo”, afirmaram as irmãs.
Vendo cada pedrinha formar um caminho para novas oportunidades, a estreia no Coreto reafirma que a música vem do coração e da herança passada de geração para geração. Isso explica o nome da dupla e o repertório que vai do samba a internacional.
“A música sempre fez parte da nossa vida, desde sempre. Me lembro da gente em casa com o rádio ligado, desde pequenas, até por isso também o nome do projeto. Essa é a nossa paixão por tudo que é tipo de música, porque o rádio sempre ficou ligado e em rádio comercial. E ia tocando várias músicas, desde Tim Maia até o Bruno Mars, tudo misturado, Beyoncé até Elis Regina. Tudo isso, foi formando a nossa qualidade, nosso estilo musical”, contou Tainara.
Estreia no RTM
A estreia do Tiedye envolve muitas mãos, conforme dito pelas irmãs ninguém faz nada sozinho e na arte esse conceito é mais latente. “Pedimos ajuda, primeiro ao nosso amigo maravilhoso Renan Miranda, além dele vamos estar contando também com o Vitor Correia no som, Daniel Pellegrini no teclado, Dino Fernandes na bateria e Danilo Henriquez no violão”, reforçaram.
Um spoiler que o Correio conseguiu extrair é que a dupla vai cantar duas músicas autorais no festival. “Vamos contar com músicas autorais. Uma das músicas na verdade roubei uma poesia de uma amiga minha, Alexandra Raibolt, e pedi para musicar, então a gente conseguiu fazer ali uma sambinha bem maneiro, e a outra música é um segredo”, falou Dandara.
A expectativa das irmãs é alta, segundo elas o repertório está bem diversificado. “Vamos misturar muita coisa, desde Bruno Marcio até Luedji Luna. Então, vai ter muita coisa junto e misturado”, ressaltaram.
Com essa oportunidade no Coreto, a janela dos sonhos só aumenta. “Agora com essa oportunidade fica mais passível, sei lá, alcançar um nível Anitta, Luísa Sonza. Sonhando muito, jogando expectativa lá no alto. Mas se é pra começar, vamos já almejar uma coisa grande e realmente ver que faz sentido. Vamos cultivar isso, levar isso pra frente, profissionalizar cada vez mais e contar com a ajuda de amigos é muito importante, porque ninguém faz nada sozinho”, ecoaram.
Foto Renan Miranda