História é a conexão do passado com a contemporaneidade. A linha do tempo carrega artifícios que compõem a sociedade atual, resguardando a memória e os saberes tradicionais que reverberam na cultura, política e sociedade. A cidade de Petrópolis resume esse conceito por possuir uma forte ligação com a Corte Imperial. A cada esquina do Centro Histórico, é possível se deparar com um pedaço do passado. A realidade não seria diferente na celebração dos duzentos anos de Pedro de Alcântara, o célebre Dom Pedro II, considerado um dos maiores protagonistas ao tornar o Brasil uma nação consolidada durante o Segundo Reinado. Nesta terça-feira (2), data da comemoração, foi retomada o espetáculo cinematográfico “Som e Luz” do Museu Imperial, que funciona como um ‘túnel do tempo’, onde todos os espectadores poderão reviver diversos momentos marcantes do período, em solo petropolitano.
A reativação foi uma conquista, de acordo com o Prefeito de Petrópolis, Hingo Hammes. “Hoje é um dia especial para cidade. Esse projeto já estava parado há alguns anos e reestréia-lo ainda esse ano é um presente, ainda mais na data especial como a de hoje, o bicentenário de D. Pedro II”, disse.
O espetáculo utiliza efeitos especiais de iluminação e som para narrar a história de Dom Pedro II. A viagem no tempo, segundo a organização, tem início com o “baile real” das princesas Isabel e Leopoldina. Na ocasião, as duas são apresentadas aos pretendentes, Conde D’Eu e o Duque de Saxe, que se tornaram os futuros maridos. O enredo traça dias bem corriqueiros da nobreza e burguesia, além do sistema escravista da época dando ênfase no dia da assinatura da Lei Áurea, conhecida como lei da libertação dos escravos, e passa também pela República. O espetáculo ainda reserva espaço para contar sobre a Guerra do Paraguai.
Nesse retrato da ótica histórica, o Secretário de Cultura Municipal, Adenilson Honorato, ressalta a importância de democratizar o acesso a cultura. “A história é uma coisa que perpassa o tempo. Então, é importante que essa arte, essa cultura possa chegar a todos, porque o saber fica para cada um de nós”, ressaltou.
De acordo com o museu, o show acontece por 45 minutos à noite e utiliza três toneladas de equipamentos, entre caixas de som, projetores, mesa de luz, 480 refletores e spots e 28 quilômetros de cabos. Agora, como novidade, o show vai acontecer em três dias da semana, quintas e sextas feiras e também aos sábados. A primeira sessão às 19h e a segunda às 20h30. O valor do ingresso é de R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia.
Retomada
O Luz e Sombra nasceu em 2002 com a parceria das instituições Eletrobrás/Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), Museu Imperial e Fundação Roberto Marinho. Anualmente, cerca de 100 sessões eram realizadas, reunindo 250 espectadores por apresentação. Desde o lançamento, mais de 400 mil pessoas já acompanharam a performance.
O retorno das apresentações, nesta terça-feira (2), foi viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro, com a parceria da Enel, que investiu cerca de R$ 1,7 milhão. O governador Cláudio Castro, chegou a anunciar a modernização dos equipamentos utilizados na atração. A previsão é que o espetáculo seja mantido pelos próximos 10 anos. Quando anunciou a medida, Castro ressaltou que a história do país precisa ser valorizada, pois resgata da memória nacional e fortalece políticas culturais.
A representante da Enel, Andréa Andrade, disse no discurso de abertura que a empresa investe na cultura como forma de democratizar o acesso indagando a importância dela para contrução do futuro.
Ressoando a fala, o Diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Junior, enfatizou que o espetáculo é uma forma de conhecer a história por uma experiência diferente. “As pessoas conhecem se divertindo. Para a cidade também é muito importante, na medida em que o projeto alavanca importantes áreas do interesse comercial e serviços da cidade, como gastronomia, como hotelaria e serviços”, expressou.
Atração turística
Suspenso desde 2020, o evento voltará a integrar o circuito cultural e histórico do município, e com isso fortalecerá o setor de turismo de Petrópolis. Segundo o Secretário de Turismo Pablo Kling, a expectativa é que a programação atraia uma quantidade maior de turistas, que de certa forma são responsáveis por aquecer a economia local e colocar a cidade na rota do circuito turístico.
Conforme ressaltou Pablo, existe uma estratégia para captar recursos e pessoas. ” Esse é um dos maiores presentes que o turismo de Petrópolis poderia receber. Ainda mais icônico no dia de hoje, no dia que a gente comemora o bicentenário de Dom Pedro II. A proposta do Som e Luz é fazer com que consigamos aumentar o pernoite do turista na cidade. O que isso significa? Mais gente hospedada nos hotéis, pousadas. Petrópolis tem 6.600 leitos de oferta turística. E esses leitos, estando cada vez mais ocupados, representam mais gente trabalhando na hotelaria” explicou.
Expansão
Quando ativo, o projeto recebeu 400 mil visitantes. A expectativa das autoridades é que essa mesma marca seja alcançada, com menos tempo de duração, sendo que, com esses novos equipamentos proporcionados pela lei incentivo da cultura do Governo do Estado, a pretensão é que o tempo de vida do espetáculo seja maior do que anteriormente.
Diante desse quantitativo, o Prefeito Hingo Hammes, expressou que a meta atual é ultrapassar a do passado, antes da paralisação. “Esperamos atingir os números de 2019, que foi o melhor ano de visitação do museu. A expectativa é atingir mais de 500 mil visitações”, informou.
Quando a atração foi lançada, não existia as tecnologias atuais, como iluminação de led, som ultra, 5D, 6D, entre outras. Com a renovação dos equipamentos possibilitará maior duração e efeitos novos.
Tal nova característica, traz uma qualidade maior, conforme disse o diretor do museu. “Nós temos, na verdade, o mesmo conceito do espetáculo. O impacto visual é muito, muito, muito superior ao espetáculo anterior”.
Além dessa nova durabilidade, Kling informou que há uma ideia circulando entre as pastas de Cultura e Turismo no que tange a possível atualização no filme que roda no espetáculo holográfico, para os próximos anos. A outra novidade para que a ampliação continue é a parceria já anunciada pela Enel para com o museu, já preparada para 2026.