Estudantes receberam certificados; formação é fruto de convênio entre a Seeduc-RJ e a Universidade Federal Fluminense
A primeira turma de magistério indígena acaba de se formar no Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia certificou 16 estudantes no Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda, localizado na aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, na Região da Costa Verde. A formação é fruto de um convênio entre o Governo do Estado – por meio da Secretaria de de Educação (Seeduc-RJ) – e a Universidade Federal Fluminense (UFF).
O curso foi estruturado em nove módulos. Neste acordo, a secretaria entrou com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver na educação básica (da Educação Infantil ao Ensino Médio) no Brasil, e a universidade cooperou com a parte técnico-pedagógica.
— Esse é mais um avanço para a educação do nosso Estado. É um passo importante para a preservação da cultura dos povos originários – declarou o governador Cláudio Castro.
Para a secretária de Educação, Roberta Barreto, esse é um momento histórico para a educação do Rio de Janeiro.
— Estamos orgulhosos e com a sensação de dever cumprido ao promover essa reparação histórica, com a educação indígena neste colégio nosso, que é considerado o maior colégio indígena do Rio de Janeiro. Parabéns aos graduados, que agora estão aptos a assumir turmas tanto em sua própria escola quanto em outras unidades da rede — afirmou a secretária.
A cerimônia teve o tradicional cântico sagrado, palestra sobre a luta da educação escolar indígena na aldeia, apresentação de capoeira e entrega de certificados, entre outras atividades.
— Eu sempre sonhei em ser professor. Neste momento, sou formado. Penso muito no futuro, e a nossa comunidade precisa de professores indígenas para educar nossos alunos guaranis. Precisamos fortalecer a cultura e a língua, porque antes só tínhamos professores não indígenas. Eu estou muito feliz — disse o mais novo professor Ildo Benites, algumas horas depois de pegar o certificado que o torna apto a dar aula para o primeiro segmento em toda rede.
Domingos Júnior, diretor-geral da unidade escolar há dois anos, agradeceu à secretária Roberta Barreto pelo trabalho.
— Nesses dois anos, tivemos um avanço significativo na educação indígena em nosso estado. A comunidade está feliz. Estamos vivendo uma reparação histórica do ensino na escolarização indígena. Nossos povos originários merecem todo o respeito e seus direitos constitucionais preservados — declarou o diretor-geral.
Durante a cerimônia de entrega dos certificados, Tânia Borges, diretora regional pedagógica da Sul Fluminense, destacou a importância da parceria entre a Seeduc e a UFF.
— O dia de hoje é marcante. Graças ao convênio, temos a primeira turma do magistério indígena do estado. Essa formação vai possibilitar que a cultura e os saberes sejam difundidos, passando de geração para geração. É uma oportunidade de os indígenas serem escolarizados pelos seus pares, nas línguas guarani mbyá e portuguesa — disse.
Grande reforma e reinauguração
Em 2024, o colégio indígena passou por reforma na estrutura, que incluiu um campo para atividades esportivas, salas de aula, refeitório, novos pavilhões, pinturas, entre outros. O objetivo é oferecer uma educação ainda melhor para os povos originários.
Em 2025, a Seeduc está realizando mais uma intervenção na escola: a cobertura da quadra, que será transformada em um espaço poliesportivo. A partir deste ano, a unidade passou a contar com o Ensino Médio Regular, uma demanda antiga da comunidade.
Foto: divulgação