Quando vivemos sob estresse emocional intenso ou crônico, nosso cérebro — em especial regiões como amígdala e hipotálamo — desencadeia uma cascata de respostas hormonais. Substâncias como cortisol e adrenalina elevam a pressão arterial, glicemia, colesterol e ativam inflamações nas artérias — fatores que aceleram a aterosclerose ao longo do tempo .
Estudos mostram que o estresse contínuo está associado a maior incidência de hipertensão, resistência à insulina e dislipidemias — condições que dobram o risco de infarto, muitas vezes silencioso. Além disso, em pacientes com doença arterial coronariana, o estresse mental pode desencadear isquemia sem qualquer sintoma perceptível, fenômeno chamado isquemia mentalmente induzida.
Outro exemplo dramático desse impacto é a síndrome do coração partido, em que o coração entra em disfunção temporária após um choque emocional intenso, como luto ou medo súbito. Apesar de simular um infarto, as artérias estão completamente limpas. Embora a recuperação ocorra em dias ou semanas, o evento é grave, especialmente em mulheres na pós-menopausa.
O estresse também altera comportamentos: ficamos mais propensos ao consumo de álcool, dieta desequilibrada, sedentarismo e tabagismo — hábitos que aumentam ainda mais os riscos cardiovasculares.
O coração muitas vezes chama atenção apenas quando o dano já está instalado — peito apertado, arritmias discretas, ou até isquemia silenciosa. Mas, nesse quadro inesperado, cobra-se pelos esforços emocionais não reconhecidos.
É possível intervir antes que haja lesão: conhecendo o estresse, ouvindo nossos limites, reforçando a mente com os mesmos cuidados que damos ao coração. Afinal, quando cuidamos da mente, protegemos o coração — e assim, nosso corpo nos devolve em silêncio, mas com mais vida.
Precisamos reconhecer o estresse e gerenciar o nosso emocional, promovendo pausas conscientes, para reduzir os picos de cortisol e adrenalina – cinco minutos de caminhada e respiração guiada podem ser suficientes. Fora isso, temos as dicas de sempre: adote hábitos saudáveis, faça exercícios regulares, tenha uma alimentação equilibrada e sono de qualidade.