Reunião preparatória para viagem a Minas Novas (MG), na Casa da Cidadania, mobilizou alunos, professores e apoiadores do movimento
Na manhã deste sábado (19/07), a Casa da Cidadania, em Petrópolis, foi palco de uma importante reunião de alinhamento entre os alunos do núcleo local da Educafro, professores e apoiadores da causa antirracista que embarcam, no próximo dia 23, para uma vivência histórica na cidade de Minas Novas (MG). O grupo participará do lançamento da Política de Educação Escolar do Campo e Indígena, a ser realizado na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha, com atividades formativas, troca de experiências e construção coletiva de conhecimento sobre as realidades da educação popular no Brasil profundo.
A reunião teve como objetivo apresentar a programação do encontro, os horários de saída e retorno da caravana, detalhes logísticos e, principalmente, reforçar o valor simbólico e político da participação dos educandos no evento. A saída do ônibus está prevista para quarta-feira (23), às 16h, em frente ao Museu Imperial, com retorno na tarde de quinta-feira (24).
Coordenador do núcleo Educafro Petrópolis, o professor José Luiz (Zé Luiz), conduziu a conversa de forma inspiradora, lembrando que o momento não é apenas uma viagem, mas parte de um movimento coletivo de transformação social. “Estamos aqui para fortalecer a educação popular, quilombola e indígena. Essa é uma luta de mais de trinta anos que busca garantir o direito ao acesso à universidade para quem sempre foi deixado à margem. A Educafro é isso: militância, consciência, superação”, destacou.
A Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes, é uma rede nacional que organiza cursinhos populares, promove formação cidadã e atua politicamente por ações afirmativas e políticas públicas inclusivas. Sua missão é ampliar o acesso de negros, indígenas e pobres às universidades públicas ou, quando necessário, a instituições privadas com bolsa integral, buscando garantir mobilidade social para grupos historicamente excluídos.
Além da atuação nos pré-vestibulares comunitários, a Educafro também incentiva o surgimento de novas lideranças populares, promove valores de justiça e solidariedade baseados no ideário cristão e franciscano, e valoriza a autonomia dos sujeitos na construção de suas trajetórias. “Nosso trabalho é fazer com que jovens e adultos se tornem protagonistas de suas histórias, mesmo diante de um sistema educacional que, muitas vezes, ainda repete ideias coloniais e racistas nos seus próprios materiais didáticos”, afirmou Zé Luiz.
Durante a reunião, os presentes também compartilharam indignações e experiências pessoais, como o recente episódio de racismo presente em material pedagógico da rede pública municipal de Petrópolis, que associava indígenas à preguiça e reduzia a resistência negra à fuga da escravidão. “Estamos em 2025 e ainda vemos esse tipo de discurso sendo reproduzido em sala de aula. É por isso que precisamos ir a Minas, aprender, denunciar e resistir”, reforçou o educador.
A ida à Minas Novas contará com refeições e transporte cobertos, além de certificado de horas complementares e atividades comunitárias. Todos os participantes deverão vestir a camiseta oficial da Educafro Brasil. A viagem representa, para muitos, a primeira grande imersão em um ambiente acadêmico e militante fora de seu território, e promete ser um marco na trajetória pessoal e política de cada estudante.
Para mais informações sobre o movimento ou sobre como participar de núcleos da Educafro, basta acessar o site www.educafro.org.br ou consultar as redes pelo link https://www.instagram.com/educafropetropolis/.
“A educação transforma. E nós estamos aqui para garantir que ela seja um direito de todos, inclusive daqueles que sempre foram negados”, concluiu Zé Luiz, em meio aos aplausos dos estudantes.
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