Petrópolis registrou 8 casos de assédio sexual contra mulheres entre janeiro e maio deste ano, segundo dados do ISP Mulher, painel do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. O número coloca a cidade em segundo lugar no ranking estadual, atrás apenas da capital, que teve 69 registros no mesmo período. Apesar de menor em números absolutos, Petrópolis apresenta risco proporcional mais alto. Com cerca de 290 mil habitantes, a cidade teve 1 caso de assédio a cada 36 mil pessoas. Já o Rio de Janeiro, com 6,2 milhões de moradores, teve 1 caso a cada 89 mil. Ou seja, o risco em Petrópolis foi mais que o dobro do da capital.
Além dos assédios, o município também aparece com números preocupantes em outros crimes contra mulheres: 1 feminicídio, 2 tentativas de feminicídio, 2 homicídios dolosos, além de 5 tentativas de homicídio. Também foram registrados 40 casos de difamação, 27 de violação de domicílio e 1 de constrangimento ilegal.
Casos de violência aumentam desde 2021
Segundo dados do Dossiê Mulher, outro painel do ISP, os crimes contra mulheres em Petrópolis vêm crescendo desde 2021. O total de registros saiu de pouco mais de 2.300 naquele ano para cerca de 2.900 em 2023, com pico anterior em 2019 (3.064 casos). O dossiê inclui diversos tipos de crimes com recorte de gênero — como estupro, feminicídio, ameaça, injúria, lesão corporal dolosa, importunação sexual, entre outros. Ao todo, são mais de 25 tipos de violência monitorados, conforme detalhado pelo ISP.
Uma pesquisa do Correio Petropolitano revela quem são as principais vítimas na cidade dos casos registrados em 2023 – último dado publicado pelo Instituto:
- Faixa etária mais atingida: 30 a 59 anos (1.158 casos);
- Cor/raça: mulheres negras (1.194) e brancas (1.327) aparecem em proporções parecidas;
- Estado civil: a maioria é solteira (1.044 vítimas);
- Relação com o agressor: em quase 60% dos casos, o autor é ex-companheiro, companheiro atual ou parente;
- Local das agressões: o principal local é a residência da vítima (1.205 casos);
- Tipo de agressão mais comum: socos, tapas e pontapés (1.830 registros).
Secretaria da Mulher é alvo de polêmica após reestruturação
A divulgação dos dados acontece dias após a Câmara Municipal aprovar uma reforma administrativa da Prefeitura de Petrópolis que altera a estrutura de várias secretarias, incluindo a que trata das políticas para mulheres. O projeto chegou ao legislativo em regime de urgência e foi aprovado na última sessão antes do recesso, após mais de nove horas de discussão.
A proposta extingue cargos da Secretaria de Direitos e Políticas para Mulheres, sob a alegação de reduzir custos e resolver problemas administrativos. Segundo a Prefeitura, a mudança permitirá resolver pendências como a contratação de profissionais no CRAM – Centro de Referência de Atendimento à Mulher, que atua no atendimento a vítimas de violência. Entretanto, a medida foi criticada por parte da oposição e de movimentos sociais, que veem o enxugamento como um retrocesso nas políticas públicas voltadas às mulheres.
Região Serrana também apresenta casos
Municípios vizinhos também registraram ocorrências de violência contra a mulher nos primeiros cinco meses de 2025:
- Teresópolis: 1 assédio, 2 tentativas de feminicídio, 1 homicídio, 4 tentativas de homicídio, 18 casos de difamação e 13 de violação de domicílio.
- Nova Friburgo: 2 assédios, 1 homicídio, 33 difamações e 31 violações de domicílio.
- Três Rios: 1 assédio, 1 tentativa de feminicídio, 1 tentativa de homicídio, 28 difamações e 15 violações de domicílio.