O alimento que consumimos diariamente não impacta apenas o nosso peso ou pressão arterial. O que está no prato reflete diretamente nos resultados de exames: colesterol, glicemia, inflamação e, por consequência, no laudo do cardiologista. Adotar uma alimentação equilibrada é, por si só, uma das melhores estratégias preventivas contra doenças cardiovasculares.
Estudos robustos mostram que padrões alimentares saudáveis, como a dieta mediterrânea, DASH (padrão alimentar especialmente desenvolvido para prevenir e controlar a hipertensão), reduzem significativamente o risco de infarto, AVC, pressão alta, diabetes e dislipidemias. A evidência é clara: uma alimentação baseada em frutas, verduras, grãos integrais, leguminosas, peixes, oleaginosas e azeite melhora marcadores como LDL (colesterol ruim) e glicemia, além de fornecer fibras, antioxidantes e gorduras insaturadas protetoras.
Programas brasileiros específicos, como o BALANCE (intervenção dietética estruturada, focada na prevenção secundária de doenças cardiovasculares, especialmente para pacientes com histórico de condições como infarto, AVC ou doença arterial periférica), reduziram LDL em pacientes com doença arterial coronariana, com impacto positivo na qualidade de vida.
De forma objetiva, alguns alimentos devem ser evitados ou consumidos com moderação: caso das gorduras saturadas e gorduras trans (margarinas, frituras e laticínios integrais), que elevam o LDL, favorecem aterosclerose e inflamação. Isso também vale para os carboidratos refinados e açúcares adicionados (pães, massas brancas, doces, refrigerantes), que aumentam triglicerídeos, glicemia, resistência à insulina e peso. Alimentos ultraprocessados (sal grosso escondido em industrializados, embutidos, fast food) apresentam alta concentração de sódio, gorduras ruins, aditivos e calorias vazias, com impacto negativo comprovado no risco cardiovascular. Proteínas animais em excesso, especialmente carnes vermelhas gordurosas, podem elevar em até 33% o risco de insuficiência cardíaca.
Procurar o equilíbrio é um ótimo começo. Não precisa criar proibições extremas. Foque em mudanças graduais e consistentes: incluir azeite, castanhas e sementes (gorduras boas) na sua dieta. Trocar o pão branco pelo integral, adicionar a salada na dieta diária e substituir o refrigerante pelo suco, ou água. O caminho é priorizar alimentos in natura ou pouco processados – frutas, legumes, grãos e carnes magras. Limite o sal e o açúcar – para menos de 5 g de sódio/dia, conforme OMS, e evite bebidas adoçadas.
Cuidando da qualidade do alimento que entra no seu prato, você cuida do seu coração. Uma dieta bem estruturada é, além de prazerosa, uma poderosa aliada no combate precoce às doenças cardiovasculares. As suas escolhas diárias, promovem a sua longevidade.