Por Leandra Lima e Anna Beatriz Thomaz
Diversas localidades de Petrópolis vêm enfrentando um problema recorrente com o abastecimento de luz. Moradores de localidades distintas denunciam quedas constantes, ressaltando que nesse período de inverno, em que os ventos são mais fortes, a vasta vegetação entrelaçada aos fios é a principal causadora dos picos elétricos que agravam a falta de energia.
Esse recorte é vivenciado pela professora Christina Mendes, moradora de Nogueira, bairro localizado no segundo distrito do município. Ela conta que em oito anos morando na região, já passou por diversos transtornos, incluindo a queima de aparelhos eletrônicos. “Quando eu mudei pra cá eu achei muito estranho, a falta de luz é frequente aqui nessa região, independentemente se esteja chovendo ou ventando. Aqui em casa mesmo eu já tive problema com eletrodoméstico por causa disso”, relatou.
Patrícia Silva, psicóloga, moradora do primeiro distrito na região da Castelânea, também vem sentindo os impactos da falta de luz. Ela trabalha de casa, em regime home office e esses distúrbios atrapalham o fluxo de atendimentos, o que acaba gerando um prejuízo. “É cansativo, em julho em menos de três semanas passamos por quedas consecutivas, isso afetou os atendimentos, na hora que o paciente estava explicando as necessidades dele caiu a luz e demorou a voltar. Isso quebrou a linha de raciocínio dele e a maneira de olhar para as questões que o afetam “, descreveu.
Gabriel Destro, analista de sistemas, residente do São Sebastião, também localizado no primeiro distrito, sofre com a mesma tribulação. “Toda vez que venta, a gente fica naquela apreensão se vai acabar a luz ou não, porque já aconteceram diversas vezes. Ventos mais fortes acabam interrompendo a energia elétrica na minha casa “, contou.
Frente a situação, os atingidos questionam a falta de podas emergências, pois acreditam que essa movimentação possa diminuir a frequência. Gabriel conta que há uma árvore ao lado da residência, que os galhos estão e contato direto com a fiação, por conta disso solicitou no dia 14 de julho que a Companhia de desenvolvimento de Petrópolis (Comdep), realizasse uma intervenção, porém até o momento não houve movimentações da mesma e o problema continua.
Para a professora que habita em Nogueira, a vegetação exacerbada ao redor das instalações é falta de intervenção. “Para quem mora aqui nessa região, só passar na União Indústria e verificar os postes. É um emaranhado de fios, muita vegetação e falta de poda. Então são oito anos que a gente convive sim com esse problema sem solução até o momento”, disse.
A psicóloga Patrícia, ressalta o mesmo fator. “Não tem estrutura suficiente, a concessionária não faz, empurra para Prefeitura Municipal e a própria empurra para concessionária. Nesse jogo, quem segura o rojão é a população, que fica sem respostas”, ressaltou.
Problema recorrente
Os problemas nas fiações e postes são uma pauta que vem sendo discutida, em julho a associação Unidos por Itaipava (UNITA), oficiou a Enel Distribuição Rio, solicitando uma revisão completa dos postes da região e a retirada de fios inativos e emaranhados, que, além de causarem poluição visual, oferecem riscos à segurança da população.
A gestão atual, sancionou a Lei nº 9.046/2025, que altera regras municipais e obriga empresas e concessionárias que operam com cabeamento aéreo, a manterem os fios alinhados e a retirarem cabos sem uso ou danificados dos postes da cidade. O projeto estabelece multa de cerca de 26 mil reais para quem não cumprir as exigências.
O que diz as autoridades
Diante da situação, a Enel informou que a execução de podas preventivas é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. E enfatizou que a concessionária atua quando a vegetação se aproxima dos cabos de energia. “As podas são constantes, e para a Região Serrana, estão previstas, até o fim do ano, mais de 57 mil podas preventivas”, informou a Enel.
Já o Executivo, indagou que realiza regularmente podas preventivas em diversas ruas e bairros do município. Frisou ainda que quando identificada interferência de vegetação na rede elétrica ou de telecomunicação, a Enel é acionada para as devidas providências, conforme sua responsabilidade.