Corriqueiramente Petrópolis sofre com carência de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEI), base para educação na primeira infância. Segundo o último levantamento da Secretaria Municipal de Educação, quase 1.036 crianças estão na lista de espera para ingressar em uma unidade, as vagas discriminadas vão do berçário ao 3º período.
Atualmente há cerca de mil indivíduos a menos na lista, em 2024 a gestão passada acumulou 2,5 mil crianças esperando o acesso à educação básica. Hoje, o número pode ter caído, mas ainda sim, a educação infantil não contempla a todos. O município possui 80 creches que atendem as áreas centrais, bairros e distritos, porém estas unidades não são suficientes para suprir a demanda.
Em diversas localidades do município, pais e responsáveis enfrentam um grave problema, sem o acesso dos filhos nos CEIs. Kelly Almeida, de 32 anos, moradora do Carangola, bairro localizado no segundo distrito de Petrópolis, não consegue trabalhar pois não tem uma rede de apoio para deixar os dois filhos pequenos, e com isso a renda da família é comprometida. “Não consigo trabalhar fora, não tenho onde deixar meus meninos. Uma vaga na creche me ajudaria muito, iria trabalhar de faxina no horário em que estivessem lá. É muito triste, não ter uma opção, não consigo pagar uma babá e muito menos uma instituição privada. Acho que nem é preciso já que existe ensino público, mas infelizmente não está dando vazão para todos”, contou a mãe das crianças.
Há CEIs que têm dezenas de crianças na fila, como: CEI Santo Antônio Agostinho, em Nogueira, com 68 crianças na fila; A creche Lota Macedo Soares, no Samambaia, que possui 60 crianças em diferentes níveis; CEI Romano Covavese, no Independência, com uma fila de 42; CEI Chiquinha Rolla, no Quitandinha, com 41.
Mau desenvolvimento
Conforme o Ministério da Educação (MEC), a educação infantil é um direito social de todas as crianças de até seis anos de idade, para justamente serem introduzidas à educação básica para assim terem o conhecimento necessário para ir avançando na jornada escolar.
O cenário da cidade preocupa, especialmente pela importância do acesso à educação já nos primeiros anos da infância para o desenvolvimento da criança. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), meninos e meninas que frequentam a educação infantil, têm mais do que o dobro de chances de estar bem encaminhadas no aprendizado das habilidades iniciais de letramento e matemática, em relação às que perdem essa etapa inicial do ensino.
Até o fechamento desta edição, a Prefeitura Municipal não respondeu aos questionamentos, sobre as medidas para diminuir a fila, e possíveis auxílios direcionados às mães e às crianças no período de espera. Também foram perguntados sobre os efeitos negativos do acesso tardio à educação primária.
Por Leandra Lima/Elza Fiúza/Agência Brasil