Imagens de drone mostram impacto ambiental visível após supressão de vegetação autorizada pela Prefeitura
O corte de 111 árvores em um terreno na Estrada União-Indústria, nº 11711, em Itaipava — ao lado do supermercado Pão de Açúcar — já começou. A derrubada, autorizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, afeta 93 árvores nativas da Mata Atlântica e outras 3 espécies exóticas, totalizando 111 exemplares. A equipe do Correio Petropolitano esteve no local nesta semana e utilizou um drone para registrar a diferença na paisagem. As fotos de antes e depois mostram uma redução significativa da cobertura vegetal, alterando completamente o visual da área, que agora apresenta grandes clareiras no lugar onde antes havia árvores de médio e grande porte.


A autorização ambiental foi concedida à empresa Segóvia Empreendimentos e Incorporação Ltda. no dia 7 de julho de 2025, com validade até julho de 2026. Mesmo com a legalidade da autorização, a medida já havia gerado forte reação de ambientalistas e moradores antes do início dos trabalhos.
Em entrevista concedida ao Correio Petropolitano antes do corte começar, Carlos Eduardo Pereira, presidente da NovAmosanta, afirmou: “É uma região já bastante desarborizada. Muita gente chama Itaipava de ‘deserto’ porque é impossível caminhar à tarde, de tanto calor. Não se pode autorizar um corte integral como esse”.
Ele também destacou que “estamos falando de consequências graves para o meio ambiente, como a perda de habitat de aves, redução da produção de água e da captura de carbono” e criticou a ausência de consulta pública. “A cidade precisa crescer, sim, mas com responsabilidade. O crescimento não pode acontecer a qualquer custo”, disse.
Carlos ainda alertou para possíveis problemas no trânsito. “A chance de formarmos um gargalo ali é enorme. A Prefeitura tem um estudo que indica este ponto como um dos principais gargalos de Itaipava”.
O que diz a Prefeitura
Em nota enviada à reportagem na ocasião da primeira matéria, a Prefeitura informou que a autorização seguiu todos os trâmites legais, com pareceres favoráveis do ICMBio e dos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente. Segundo o município, foi autorizada a supressão de 96 árvores — número que inclui galhos grandes (fustes), que não correspondem a árvores distintas.
A administração municipal afirmou ainda que a área “não apresenta características de um fragmento florestal, tratando-se de um grupamento arbóreo isolado, em área amplamente antropizada, ou seja, já bastante alterada pela ação humana”.
Como compensação ambiental, o responsável se comprometeu a plantar 521 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, quantidade cinco vezes superior à vegetação a ser suprimida. “Todo o processo foi conduzido dentro da legalidade e com base em critérios técnicos, atendendo as normativas e parâmetros do zoneamento local”, concluiu a nota.
Nova solicitação sem resposta
Nesta semana, o Correio Petropolitano enviou novo pedido de informações à Prefeitura questionando o local e o prazo para o plantio das mudas e como será feita a fiscalização do cumprimento da compensação ambiental. Até o fechamento desta reportagem nenhum retorno, sobre o local e quando serão plantadas as mudas, foi enviado pelo município. Apenas afirmou que a Prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, acompanha todos os processos previstos nos Termos de Compromisso Ambiental (TCA).
Também afirmou que deverá ser realizada a apresentação do Projeto de Recuperação Florestal e manutenção das mudas por quatro anos, incluindo relatórios periódicos.
Por Gabriel Rattes/Fotos: Thiago Alvarez/CM