A procura dos brasileiros por crédito cresceu 8,3% em julho na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo o Indicador de Demanda por Crédito da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). No acumulado de 12 meses, o avanço é de 3,1%. Em relação a junho deste ano, houve alta de 0,9%.
O indicador mede apenas o movimento de consumidores em busca de crédito, seja empréstimo pessoal, financiamento ou renegociação. Não acompanha, entretanto, como o recurso será usado. Isso significa que a alta da procura por crédito mostra uma necessidade maior de acesso a recursos financeiros, mas não garante que esse dinheiro será aplicado diretamente no comércio.
“É importante deixar claro que nem todo crédito buscado se transforma em consumo no comércio. Muitas vezes o consumidor contrata empréstimo para pagar contas atrasadas, cobrir emergências de saúde ou reorganizar as dívidas. Por outro lado, em muitos casos o crédito acaba sim financiando compras, especialmente de bens de maior valor, como eletrodomésticos, móveis ou até mesmo investimentos em reformas”, explica Claudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrópolis.
Entre os perfis que mais contrataram crédito em julho estão os consumidores com idade entre 30 e 49 anos, que representaram 45,3% do total, seguidos pela faixa etária de 50 a 64 anos (24,8%) e de 18 a 29 anos (21,7%). Idosos com 65 anos ou mais responderam por 8,2%.
Outro dado que chama atenção é que 44,7% das pessoas que buscaram crédito em julho estavam com restrição no nome. Isso significa que quase metade dos que procuram recursos financeiros já têm dificuldades para honrar compromissos assumidos anteriormente.
“Esse dado é particularmente relevante para o comércio. Ele mostra que o consumidor, ao mesmo tempo em que precisa de crédito, tem limitações para conseguir acesso, já que estar negativado dificulta ou encarece a aprovação. É um cenário que exige cautela, mas também aponta para a importância de mantermos políticas de crédito responsável e de incentivo à renegociação de dívidas”, avalia Mohammad.
Entre os tipos de crédito mais procurados pelos consumidores, 46,4% correspondem a empréstimos pessoais, 28,6% referem-se ao uso do cartão de crédito, 12,2% foram destinados a financiamentos de veículos, 4,3% a financiamentos de imóveis e 8,5% a outras modalidades de crédito, mostrando a diversidade de alternativas buscadas para atender às necessidades financeiras.
Embora o uso do cartão de crédito seja o segundo mais citado, os pesquisadores destacam que a análise não aponta necessariamente se essas compras ocorreram no comércio. Ainda assim, o indicador é visto como um termômetro importante para o setor.
“Para o comércio de Petrópolis, esses números servem como sinal de alerta e, ao mesmo tempo, como oportunidade. O fato de o consumidor buscar crédito mostra que ele continua tentando manter seu nível de consumo, mesmo diante das dificuldades. Cabe a nós, lojistas, estarmos preparados para oferecer condições atrativas, segurança e credibilidade para que esse crédito, quando utilizado, seja convertido em compras no nosso comércio local”, reforça o presidente da CDL.
Na visão da entidade, o crescimento na procura por crédito pode indicar uma retomada gradual da confiança do consumidor. No entanto, a elevada proporção de inadimplentes ainda pesa sobre o poder de compra e limita a capacidade de o comércio traduzir esse movimento em vendas imediatas.
“O desafio está justamente aí: equilibrar as ofertas e promoções de forma responsável, evitando endividamento excessivo, mas aproveitando o momento para captar esse consumidor que está em busca de alternativas. É uma realidade complexa, mas que precisamos acompanhar de perto”, conclui Mohammad.