Campanha quebra tabus e estimula o pedido de ajuda
Por Leandra Lima
“Cada vida é uma torre de tesouro, mais valiosa que a Terra”, essa frase do filósofo, professor, escritor e doutor Daisaku Ikeda, Presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), reflete a preciosidade de existir, reforçando que cada pessoa é única e insubstituível. Em meio a “Campanha do Setembro Amarelo”, essa ideia fica mais latente, trazendo para pauta a importância de cuidar da mente e ter coragem de buscar ajuda, um ato considerado mais difícil entre os humanos, por diferentes razões, entre elas o medo do julgamento do outro.
Esse cenário é mais comum do que parece, segundo o Ministério da Saúde o medo, a incompreensão e os preconceitos ligados às patologias de saúde mental são os principais motivos que afastam os pacientes do tratamento correto. “Esses fatores alimentam o estigma, contribuindo para a exclusão social e a discriminação enfrentadas por aqueles que lidam com condições mentais. Isso, infelizmente, transcende as fronteiras de relacionamentos pessoais, manifestando-se em diversos aspectos da vida cotidiana, seja em casa, na escola, no ambiente de trabalho ou mesmo em ambientes hospitalares”, expressa o ministério em cartilha sobre doenças mentais.
O setembro amarelo levanta a necessidade de olhar para dentro e tratar traumas, feridas internas e outros problemas, que acabam virando depressão, conhecida por ser a “doença da atualidade”, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno que afeta a vida cotidiana, minando o sono, fome, energia e outros fatores essenciais da vitalidade. Um estudo da OMS aponta que a prevalência da patologia ao longo da vida no Brasil é de até 20% nas mulheres e 12% para os homens.
Nesse caso, é necessário buscar ajuda para que esses casos não cheguem na extremidade. A psiquiatra e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Andréa Cristina Galastri, aconselha que as pessoas busquem ajuda médica logo nos primeiros estágios. “As doenças mentais, especialmente aquelas não diagnosticadas ou tratadas corretamente, são responsáveis pela maioria dos casos extremos. Cerca de 90% desses casos poderiam ser evitados se esses pacientes estivessem sob tratamento psiquiátrico e psicológico”, disse.
Para Andréa, o primeiro passo é compreender a depressão como uma doença. “Ainda é comum a ideia de que o estado depressivo é uma fraqueza e que o indivíduo poderia simplesmente optar por pensar e agir de forma positiva. Muitos pacientes acreditam nisso, o que agrava a sensação de culpa, já presente no quadro depressivo. Mas não funciona assim; o paciente não consegue mudar sua condição ‘porque quer'”, ressalta, pontuando a necessidade de compreensão Andréa.
Culpa
Muitos pacientes se sentem responsáveis pelo problema que os atinge. Esse também é um dos fatores que os impedem de buscar ajuda. Na sociedade contemporânea são vários os acontecimentos que podem levar ao adoecimento, um deles é a comparação, que ficou ainda mais latente com a cultura digital e a cultura da agilidade. Esse recorte pode causar estresse crônico, e outras doenças que levam à depressão.
Stephanie Brum, psicóloga e professora da Universidade Estácio de Sá, destaca alguns dos principais sintomas de alerta: “Entre os principais sintomas destacam-se o humor depressivo persistente, caracterizado por uma sensação constante de tristeza, vazio ou desesperança, presente na maior parte do dia. Além disso, a pessoa afetada pode demonstrar uma perda significativa de interesse ou prazer em quase todas as atividades, incluindo aquelas que antes eram prazerosas”, explicou.
Ela destaca ainda que esses sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas e representam uma mudança significativa no funcionamento anterior da pessoa.
Em busca do sol
Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), a campanha setembro amarelo, busca quebrar os tabus e estigmas, promovendo a busca por ajuda. A primeira edição do evento aconteceu em 2015 e até os dias atuais se mantém como uma peça fundamental para prevenção da vida.
Nesse movimento há muito trabalho que é capaz de salvar vidas, reforçando sempre que pedir ajuda é um ato de coragem. Uma frase de Daisaku Ikeda, elucida bem essa ideia, direcionando a mensagem aos jovens. – “Antes de mais nada, ouse dar o primeiro passo. Essa ação corajosa é a prova de sua juventude”. –
Ajuda
Existem serviços públicos que tratam doenças mentais, a referência no SUS é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Além disso, para quem precisa desabafar, pode buscar ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional com sigilo absoluto, pelo telefone 188.
Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil