Por Leandra Lima e Evelyn Carvalhaes
Sem energia elétrica por mais de 48 horas, moradores da localidade Bela Vista, em Petrópolis, procuraram a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) para tentar o restabelecimento do serviço. Segundo informações, o serviço só foi restabelecido na noite de segunda-feira (20), depois do ofício encaminhado pela DPRJ a Enel – concessionária responsável pelo serviço de energia no município.
Famílias afetadas
Desde sábado (18), a comunidade tentou contato com a Enel, registrando diversos protocolos de reclamação, mas nenhum deles surtiu efeito. Até que, pela insistência, um veículo da empresa compareceu ao local. No entanto, conforme o relato dos residentes, o funcionário teria se recusado a acessar a área afetada, sob o argumento de que o caminhão não teria condições de transitar pela via. Porém, os mesmos registraram o trânsito de outros carros e caminhões na área sem grandes dificuldades, reforçando que o acesso é possível.
A moradora Bruna Reis, que é confeiteira, contou que não é a primeira vez que a companhia age assim. “Eles chegam lá na entrada da rua, veem que tem alguma coisa acesa, e simplesmente dão meia volta com o carro e vão embora. Não querem saber de vir resolver o problema”, disse.
Ao todo, cerca de 25 famílias do bairro, alocadas na região conhecida como “Cabeça de Cavalo”, foram afetadas diretamente pela falta. A Defensoria Pública informou no ofício que a situação provocou perdas iminentes de alimentos a elas. “[…] a falta de energia tem provocado perdas iminentes de alimentos perecíveis — especialmente carnes e mantimentos refrigerados —, agravando-se diante do feriado do Dia do Comércio, o que dificulta o acesso a gelo ou alternativas emergenciais de conservação”, ressalta um trecho do documento.
Bruna Reis explicou que teve que jogar a maior parte dos alimentos armazenados na geladeira. “Colocamos tudo pra dentro do freezer, mas ele não aguenta muito tempo. É sempre assim. A parte de baixo da geladeira, que estava a verdura e outros itens estragou. Vamos ter que descartar a maioria das coisas”, relatou.
Problema rotineiro
Apesar do retorno dos serviços, a comunidade se sente insegura, pois o problema na região é rotineiro, e até o momento a prestadora não apresentou nenhuma solução. Além da falta de luz, existem outros problemas estruturais nos postes e falta de poda. “A Enel sempre deixa a gente na mão, ficamos dois, três, quatro, até cinco dias sem energia. Como moramos numa área rural, eles não querem saber. Acham que não precisamos de luz”, expressou Bruna.
Direito fundamental
Sobre a situação, a DPRJ reforçou que o fornecimento de energia elétrica é direito fundamental relacionado à dignidade humana. E pediu que a Enel regularize as pendências no local.
O que diz a Enel?
Em resposta a concessionária respondeu que dará prioridade ao atendimento nas regiões de Bela Vista e Piabanha. Informaram ainda que enviaram ainda na terça-feira (21) equipes a esses locais para verificar as ocorrências e fazer os ajustes necessários para a normalização do serviço.