Um ônibus da empresa Turp, que fazia a linha 700 (Terminal Itaipava x Centro), quebrou na altura da ponte de Corrêas e derramou óleo na pista poucas horas antes da audiência que discutiu o reajuste da tarifa do transporte público em Petrópolis. O incidente aconteceu no mesmo dia em que o juiz Jorge Luiz Martins Alves adiantou que a empresa poderá cobrar R$ 5,90 a partir de 11 de novembro, com monitoramento quinzenal do serviço durante 90 dias.
A audiência contou com a presença do promotor Pedro Coutinho (MPRJ), do procurador-geral Fernando Fernandes, do presidente da CPTrans, Luciano Moreira, da superintendente do Setranspetro, Carla Rivetti, de representantes da Turp Transportes, da presidente do Conselho Municipal de Trânsito, Cássia Hammes, e do servidor da CPTrans Júnior Cézar.
O encontro foi realizado após determinação judicial que suspendeu o reajuste anterior até que fossem comprovadas melhorias no sistema.
Avanços x desafios
O presidente da CPTrans, Luciano Moreira, destacou que os indicadores da Turp melhoraram desde a decisão judicial de junho. Segundo ele, o índice de cumprimento de viagens subiu de 85% para 92% e as falhas mecânicas caíram de quatro por dia para duas e meia.
“Esses resultados foram alcançados com monitoramento constante e planos de ação semanais. A decisão do magistrado foi fundamental para estimular essas mudanças”, disse Moreira.
Ele admitiu, porém, que ainda há muito a ser feito: “O principal problema hoje é a falta de motoristas, agravada pelos atrasos salariais. É isso que impede a retomada total das linhas”.
Turp admite dificuldades
Representantes da Turp reconheceram que as falhas operacionais ainda ocorrem, mas afirmaram que as reuniões semanais com a CPTrans têm ajudado a corrigir problemas. Segundo a empresa, há carência de motoristas e dificuldade em manter profissionais, que migram para plataformas como Uber e 99.
A Turp também apontou que o não repasse do Vale Educação, previsto na planilha tarifária, afeta o fluxo de caixa e contribui para atrasos nos pagamentos. Apesar disso, a empresa disse estar ajustando o setor de manutenção e ampliando a frota útil de 116 para 119 veículos.
Mão de obra é problema
O servidor da CPTrans Júnior Cézar reforçou que o déficit de motoristas atinge todas as operadoras da cidade. Ele informou que as empresas têm buscado parcerias com autoescolas para formar novos condutores com habilitação D.
O promotor Pedro Coutinho questionou o destino dos profissionais das empresas Petro Ita e Cascatinha, que perderam o contrato com o município. Segundo a Turp, parte desses motoristas foi absorvida, mas muitos deixaram a profissão por desgaste ou reprovação em testes internos.
Continuidade do monitoramento
A presidente do Conselho Municipal de Trânsito, Cássia Hammes, disse que os conselheiros têm acompanhado os relatórios da CPTrans e reconhecem avanços, mas cobram melhorias mais rápidas. “Como usuária, vejo melhora, mas ainda precisamos de muito mais”, afirmou.
Já a superintendente do Setranspetro, Carla Rivetti, ressaltou que o transporte é um serviço dinâmico e em constante ajuste. “Alterações na operação buscam evitar desperdícios e conter o aumento de custos que impactam diretamente o valor da tarifa”, explicou.
Rivetti destacou ainda a ampliação de linhas como a 607 (Caititu) e 710 (Boa Esperança), que tiveram trajetos estendidos para atender regiões antes descobertas.
Decisão judicial e próximos passos
O juiz Jorge Luiz Martins Alves adiantou que irá determinar que, a partir do dia 11 de novembro, a Turp poderá aplicar a tarifa de R$ 5,90. A CPTrans deverá apresentar relatórios a cada 15 dias sobre a operação, sob pena de sanções civis e penais caso descumpra a determinação.
O presidente da companhia, Luciano Moreira, se comprometeu a apresentar o próximo relatório à Justiça, após ser apresentado ao Conselho Municipal de Trânsito (Comutran), na mesma data.