A escolha do novo Papa surpreendeu o mundo católico por sua rapidez: em apenas dois dias de conclave, os cardeais elegeram Robert Francis Prevost, que adotou o nome de Papa Leão XIV. A fumaça branca surgiu da chaminé da Capela Sistina por volta das 18h07 (horário de Roma) – 13h07 no Brasil – na última quinta-feira (08), emocionando milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, em Roma, inclusive a petropolitana irmã Faustina de Araújo Ventura, de 48 anos.
Residente em Roma há 10 meses para cursar teologia no Pontifício Ateneu Santo Anselmo, a religiosa não perdeu a chance de testemunhar o momento histórico. “Eu estava em aula e, no intervalo, recebi uma mensagem às 18h10 dizendo ‘fumaça branca’. Voltamos para a sala e o professor confirmou: ‘temos um papa’. Foi uma correria. Consegui carona com um frei que trabalha no Vaticano. Deus nos abençoou, porque a praça estava lotada, mas conseguimos passar pelas catracas e ficar bem perto. Pulei de alegria e esperei a aparição do Papa. Graças a Deus, fui abençoada por viver esse dia tão especial”, relatou.
Expectativa pela escolha e discurso do novo Papa
Durante o conclave, irmã Faustina acompanhava os comentários sobre os cardeais considerados “favoritos”, especialmente os italianos, como Matteo Zupi, arcebispo de Bolonha. “Muitos falavam dele e de outros italianos, porque já faz tempo que não temos um papa da Itália”, contou.
Apesar de não ter uma preferência específica, ela tinha expectativas em relação ao perfil do novo pontífice. “Eu queria que fosse um Papa que desse continuidade ao trabalho de Francisco, mas que também unificasse a Igreja, que fosse conciliador”, disse. Ao ser apresentado, o Papa Leão XIV surpreendeu o público ao falar em espanhol, o que aproximou os fiéis, segundo Faustina. “Quando ele apareceu, parte do público aplaudiu e outra parte ficou em silêncio, porque muitos não o conheciam. Mas, logo após ele falar em espanhol, ‘caiu nos braços dos fiéis'”, destacou. Robert Prevost foi indicado pelo Papa Francisco para participar do conclave e tornou-se o primeiro Papa norte-americano da história.
Últimos momentos de Francisco
Irmã Faustina também acompanhou de perto a saúde do Papa Francisco, falecido no dia 21 de abril. “Eu estive mais próxima dele quando participei de um congresso no dia 02 de fevereiro, que ele presidiu. Achei ele muito debilitado, inchado, com manchas roxas no corpo por causa das quedas. Depois, ele foi internado. Todo aquele período foi de angústia”, lembrou.
Ela disse que um momento marcante foi vê-lo sem as vestes papais, o que lhe pareceu um adeus. “Na missa de Páscoa, ele ainda cumprimentou os fiéis, mesmo com dificuldades. No dia seguinte pela manhã, recebi a notícia do falecimento.” O frei César, da Diocese de Petrópolis, que trabalha no Vaticano, foi quem comunicou a irmã, que também participou das homenagens a Francisco. o último sábado (10), Papa Leão XIV visitou o Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho em Genazzano, aos arredores de Roma, na Basílica de Santa Maria Maior, onde orou diante do túmulo do Papa Francisco e do ícone da Virgem, Salus Populi Romani.
Laços com Petrópolis e saudade do Brasil
Mineira de nascimento, irmã Faustina vive em Petrópolis há 24 anos. Mudou-se ainda jovem, após aceitar um convite da irmã Cecília da Silva para visitar o Mosteiro localizado na Avenida Ipiranga, no centro da cidade. A visita foi decisiva. “Foi amor à primeira vista”, disse.
Ela deve permanecer em Roma por mais 18 meses para concluir o mestrado, mas admite que sente saudade de casa. “Sempre procuro conhecer bem a cultura do país onde estou, mas o que mais sinto falta é da comida, de um café, um pão de queijo. Espero visitar Petrópolis durante as férias”, revelou.
O Bispo Diocesano de Petrópolis, Dom Joel Portela, emitiu uma nota oficial, depois da escolha do novo sumo pontífice. “Nós nos alegramos com toda a Igreja pela eleição do 267º Sucessor de Pedro, o Papa Leão XIV, o Cardeal Robert Francis Prevost Martínez, O.S.A., segundo dia do Conclave. Sua primeira palavra foi um anúncio de paz, a paz que vem do Ressuscitado. Que toda a Igreja possa, sob a condução do Papa Leão XIV, trabalhar incansavelmente pela paz. Ao mencionar a sinodalidade, palavra de nossos dias, o Santo Padre indicou um caminho indispensável: a comunhão construída no diálogo”, cita um trecho da nota.