Manutenção da biodiversidade, preservação da fauna e da flora marcam os 48 anos da Reserva Biológica Estadual de Araras, localizada na Região Serrana do Rio de Janeiro. Com 3.837,82 hectares de um dos biomas mais importantes do mundo, a Mata Atlântica, a história da Rebio carrega importantes títulos na composição, como “Florestas Protetoras dos Mananciais do Rio Araras”, dada em 1950 pelo governo federal.
Somente em 1977 o espaço passou a ser reconhecido como reserva biológica, e segundo o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), tem como objetivo assegurar a preservação dos remanescentes de Mata Atlântica presentes no chamado Corredor da Serra do Mar, no âmbito do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense; manter populações de animais e plantas nativas e oferecer refúgio para espécies raras, vulneráveis, endêmicas e ameaçadas de extinção da fauna e flora nativas; preservar montanhas, rios e demais paisagens notáveis contidas em seus limites; entre outras funções.
A bióloga da Reserva, Ágatha Lima reforçou o papel da instituição na proteção integral do meio ambiente. “A reserva impede o desmatamento, a caça e outras atividades humanas que ameaçam ecossistemas frágeis. Além disso, ela funciona como um refúgio para espécies ameaçadas, abriga importantes remanescentes de vegetação nativa que são endêmicas e muito raras e serve como laboratório natural para pesquisas científicas, educação ambiental e monitoramento de mudanças ecológicas a longo prazo” explicou.
Levantamento
Durante a jornada, existem diversos estudos desenvolvidos ao longo dos anos dentro da reserva que registrou espécies ameaçadas de extinção que dependem diretamente do habitat protegido pela reserva. Dentro deles há os levantamentos de fauna e flora que identificaram dezenas de espécies endêmicas ou raras. Como o recente registro de uma família de queixada (Tayassu pecari) — um mamífero da família Tayassuidae, tipo de porco selvagem nativo das florestas tropicais da América Latina. As primeiras imagens foram capturadas em 2021, por meio de armadilhas fotográficas, com confirmação por monitoramento contínuo, ao longo dos três anos seguintes e, em junho, esse levantamento foi publicado na página 31 da Revista Científica “Suiform Soundings”, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Conforme a bióloga, também existem estudos de longo prazo sobre sucessão ecológica, qualidade da água e mudanças no uso do solo no entorno. “Através do monitoramento ecológico, podemos perceber que a reserva possui um papel vital de corredores de biodiversidade na região. Sendo um ponto-chave para a conservação da biodiversidade regional “, disse.
Conquistas
Ao longo dos 48 anos a Reserva Biológica acumulou conquistas que foram listadas por Ágatha Lima:
-Implantação de programas de monitoramento sistemático da biodiversidade, com protocolos metodológicos e pesquisa aplicada à conservação;
-Produção científica, com artigos, dissertações e teses baseadas em dados coletados na área da reserva
-Integração em redes de pesquisa e conservação, incluindo participação em mosaicos de UCs, corredores ecológicos e iniciativas de conectividade;
-Fortalecimento da educação ambiental, por meio de atividades voltadas à sensibilização e formação de estudantes, professores e comunidades do entorno;
Avanços na gestão participativa e no planejamento territorial, com ênfase na compatibilização entre conservação ambiental e desenvolvimento regional sustentável. Nosso intuito é sempre trazer a população para mais perto do órgão.
Celebração
O aniversário da unidade foi celebrado no dia 7 de julho. Na ocasião, um grupo com 50 alunos da Escola Municipal Monsenhor João de Deus, que faz parte da rede pública de Petrópolis, participou do evento. Os alunos assistiram a uma apresentação da Unidade de Conservação, conheceram os guarda-parques e em seguida participaram de passeios pelas trilhas da reserva.
Frente à história, a bióloga reforçou que as conquistas refletem o papel estratégico da reserva como um dos principais instrumentos de conservação da biodiversidade em nível regional, além de destacar a unidade como patrimônio científico e ecológico de relevância da região serrana.