Por Leandra Lima
Nesta quinta-feira (8), o Museu Imperial, localizado na cidade de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, amanheceu de portas fechadas, devido a paralisação promovida pelos servidores federais da cultura filiados ao Ministério da Cultura (MinC). Os colaboradores se organizaram pedindo a implementação do Plano de Carreira da Cultura, reivindicando melhores condições de trabalho e a adequação do orçamento para manutenção e aprimoramento dos serviços. O protesto acontece de forma simbólica em todos os equipamentos de cultura ligados ao MinC pelo Brasil, o ato começou no dia 29 de abril, com intuito de reforçar a necessidade de reestruturação do planejamento da União perante as unidades museológicas e instituições culturais.
“Essa luta não é de agora, no ano passado em junho fizemos a mesma movimentação, porém não tivemos retorno. Desde de então não tivemos negociação, foram seis reuniões marcadas com o Ministério da Gestão e Inovação. Essa é uma luta que não é somente salarial, é para defender as instituições federais de cultura, para defender as políticas públicas, por quê? Porque estamos tendo uma evasão enorme dos servidores na cultura, porque não somos organizados” disse a servidora federal Joseane Brandão.
Segundo a servidora esse problema leva a evasão dos funcionários, que por uma melhor remuneração e condição de vida buscam outras áreas. “Com isso, o que acontece é que servidores com experiência, com vocação para atuar na cultura, acabam indo para outros órgãos. Por exemplo, a Fundação de Palmares só tem 20 servidores no Brasil. Estamos numa situação de quase parar”, relatou.
Segundo a museóloga do Museu Imperial, Giovana Sacco, a reivindicação é necessária para proteger a história e o equipamento, pois o quadro de colaboradores do espaço veio caindo drasticamente durante os anos, “Quem vê o museu funcionando em toda sua glória, não sabe a dificuldade que está sendo manter o espaço. Na verdade, não é transmitido os bastidores, as dificuldades que nós temos, uma equipe muito reduzida e muito sobrecarregada. Os outros salários, o governo federal, o estado, até o município, são mais atraentes. E é por isso que a gente está brigando pelo nosso plano de cargos e salários” enfatizou. O acúmulo de funções foi um dos pontos altos discutidos entre os colaboradores, onde relataram que existe uma sobrecarga de trabalho que afeta o ambiente e a saúde, pois alegam que o estresse aumenta e acaba causando fadiga extrema, que os leva a buscar novas perspectivas de trabalho.
Salvar a memória
Os museus exercem um papel fundamental no resgate das memórias, e é uma das instituições que promove o acesso e a democratização da arte a grupos diversos de pessoas, por meio de atividades que propõem visitação coletiva e outros instrumentos. O Museu Imperial vai voltar com as atividades normais, porém o protesto continuará através das redes sociais oficiais.
Sobre a paralisação, ao Correio Petropolitano, o Ministério da Gestão e da Inovação o responsável por implementar o plano dos servidores informou em nota que instalou uma ‘Mesa Específica e Temporária’ com o objetivo de tratar dos pleitos dos servidores pertencentes aos planos de cargos do Poder Executivo federal, o que inclui os servidores do Ministério da Cultura.
Conforme informou o órgão, como resultado das negociações, em 17 de junho de 2024, foi firmado o Termo de Acordo nº 08/2024 celebrado entre o Governo Federal e as entidades sindicais representativas da categoria, quais sejam, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (CONDSEF) e a Federação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (FENADSEF). O acordo trata da reestruturação remuneratória da categoria, dividida em duas etapas: a primeira em janeiro de 2025 e a segunda em abril de 2026.