Desde sexta-feira (27), até o dia 13 de julho, a exposição “Ateliê Arte Lavrinha” estará em cartaz na Secretaria da Pessoa com Deficiência (Av. Koeler, 87 – Centro), integrando a programação oficial da Bauernfest 2025. A mostra, indicada ao Prêmio Maestro Guerra-Peixe, apresenta obras produzidas por pessoas com deficiência que participam do ateliê sediado na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Com entrada gratuita, a exposição propõe um mergulho nas intersecções entre arte, inclusão e território.
Com curadoria de Nietta Lindenberg do Monte, Carlos Feijó e Deni Cláudio, a mostra reúne um conjunto expressivo de criações que atravessam linguagens como a pintura, o desenho, a escultura e a instalação. As obras dialogam com temas como o tempo, a paisagem, o corpo, o sagrado e a vida cotidiana, revelando a potência artística de autores que, historicamente, estiveram à margem dos circuitos formais da arte.
A exposição apresenta uma diversidade de obras que revelam o universo poético e simbólico de artistas com deficiência, combinando produções individuais com trabalhos coletivos que exploram diferentes materiais e linguagens. Entre os destaques estão as séries Vidros, com recipientes pintados que interagem com a luz natural e com a paisagem ao redor, criando jogos visuais em constante transformação; Bichos, máscaras em papietagem que evocam o vínculo entre o humano e o animal; Faces, composta por rostos moldados em papier-mâché que exploram texturas, cores e expressões singulares; e Cabaças, objetos pintados que remetem a recipientes tradicionais de água, ressignificados, neste contexto, como símbolos de conexão entre natureza, cultura e ancestralidade.
Desde 2009, o Ateliê Arte Lavrinha acolhe artistas das APAEs de Liberdade e Bocaina de Minas, funcionando como um espaço de criação e educação inclusiva. Situado na Serra da Mantiqueira, o ateliê promove a expressão artística como prática de autonomia e participação social.
Antes de ocupar o espaço da Secretaria da Pessoa com Deficiência, a mostra esteve em cartaz na Estação Jaqueira, no Vale do Cuiabá, em Petrópolis, um território que, desde a tragédia climática de 2011, vem sendo reconstruído como polo de reflorestamento, educação popular e formação cultural.
Segundo Leandro Kronenberger, à frente da Secretaria da Pessoa com Deficiência, receber a mostra durante a Bauernfest é algo significativo. “Num momento tão importante como essa festa, poder mostrar o trabalho feito por pessoas com deficiência dentro da própria Secretaria é um marco muito especial. Estamos de portas abertas para receber tanto a população de Petrópolis quanto os turistas que visitam a cidade, mostrando um pouco do que temos feito em termos de inclusão.”
Carlos Feijó, cocurador, ressalta que a mostra também propõe uma nova perspectiva sobre o lugar da arte contemporânea. “É uma oportunidade de ampliar o repertório do público e trazer um olhar mais atento sobre curadoria e inclusão. Sendo uma exposição composta por artistas com deficiência, tivemos o cuidado de não rotulá-los, evitando qualquer categorização que limitasse sua expressão. Esse cuidado curatorial também é um dos diferenciais da mostra.”
Mais sobre Nietta Lindenberg do Monte
Educadora, cocuradora e idealizadora da Estação Jaqueira, em Petrópolis, e do Ateliê Arte Lavrinha, na Serra da Mantiqueira, Nietta Lindenberg do Monte construiu uma trajetória marcada pela articulação entre cultura, justiça social e sustentabilidade. Carioca de origem e mestra em Educação, atuou por décadas na formação de professores indígenas no Acre, sendo uma das responsáveis pela elaboração da política nacional de educação escolar indígena, em colaboração com o Ministério da Educação.
Inspirada pela pedagogia de Paulo Freire, Nietta enxerga a arte como uma das dimensões de um projeto maior. “A arte nestes espaços [na Estação Jaqueira e em Lavrinha] é apenas uma dimensão de outra coisa mais ampla, que é social, que é comunitária, que é ambiental, que é política de uma maneira geral.”
Sob sua coordenação, a Estação Jaqueira se consolidou como um centro de formação e cuidado no Vale do Cuiabá, promovendo práticas educativas ligadas ao reflorestamento, à reciclagem e à proteção das águas e do solo. Ali, arte e educação caminham juntas, seja por meio das exposições, da Escola Galpão (com cursos semestrais de arte contemporânea), das oficinas, das aulas de balé, dos grupos de saúde e nutrição ou dos encontros de terapia comunitária.
Mais sobre os demais curadores
Carlos Feijó, também carioca, é artista plástico, cocurador e coordenador artístico da Estação. Autor do livro “Artesãos da Sapucaí”, já expôs no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no exterior. Com atuação no carnaval e nas artes visuais, acompanha de perto o desenvolvimento dos cursos e das práticas formativas da Escola Galpão, iniciativa da Estação Jaqueira.
Deni Cláudio é libertense, cocurador e artista-educador no Ateliê Arte Lavrinha, em Minas Gerais, com trajetória dedicada ao desenvolvimento de práticas artísticas acessíveis e inclusivas. Sua atuação é marcada pela integração entre arte, educação e território, promovendo o protagonismo de pessoas com deficiência em processos de criação e expressão artística.
Serviço – Exposição “Ateliê Arte Lavrinha”
Local: Secretaria da Pessoa com Deficiência – Av. Koeler, 87 – Centro
Período: 27 de junho a 13 de julho
Horários de visitação: Terça a sexta-feira, das 10h às 16h | Sábados, das 10h às 15h
Fechada às segundas-feiras
Entrada gratuita
Atividades especiais:
Visitas guiadas, mediante agendamento, com o cocurador Carlos Feijó:
28 de junho (sábado), às 11h;
5 de julho (sábado), às 11h.
Agendamento: WhatsApp (21) 96725-8930 – Produtor Jonas Araújo.
Encerramento (horários a serem divulgados mais próximos à data) – 12 de julho (sábado)
Participação dos artistas de Lavrinha;
Oficina com Deni Cláudio e sua equipe;
Visita guiada com Nietta Monte.
Mais informações: @estacaojaqueira2020
